Três camiões TIR fizeram 900 km para entregar as novas carruagens ao metro de Lisboa
O Metro de Lisboa recebeu, esta manhã de sexta-feira, a primeira de 14 unidades triplas, que deverão entrar em funcionamento no início do próximo ano, nas duas novas estações de metro: Estrela e Santos. Têm telemetria, videovigilância e estão preparadas para "condução autónoma".
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Ainda não eram 6 horas quando as carruagens da primeira unidade tripla, vindas de Valência, Espanha, chegaram ao Parque Material e Oficinas do Metropolitano de Lisboa, na Pontinha, em três camiões TIR, após percorrerem 900 quilómetros em três dias. Agora, "vão acabar de ser montadas e entrar numa fase de testes" para estarem operacionais no início do próximo ano, explicava esta manhã de sexta-feira, Jorge Ferreira, diretor de Manutenção do Metro de Lisboa, ao Ministro das Infraestruturas, enquanto observava as carruagens.
Dentro das unidades já é possível ver o novo diagrama da futura linha circular, uma vez que serão utilizadas nas duas novas estações (Estrela e Santos) desta linha, cuja conclusão está prevista para o início de 2025. "Os utentes do metro de Lisboa poderão, a partir de janeiro, ter melhor qualidade deste material circulante que vamos agora inaugurar. Há 22 anos que não existiam comboios novos no metro, são completamente diferentes das antigas", destacou aos jornalistas o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, nas oficinas do Metropolitano.
Cada carruagem da unidade tripla pesa 30 toneladas, tem 16 metros de comprimento, 2,80 metros de largura e 3,50 metros de altura, e para se transferir cada uma delas dos camiões TIR para o solo sobre o carril da oficina do Metropolitano de Lisboa "foram necessárias duas gruas com 70 toneladas cada, passadas lingas de elevação sob as carruagens para poderem ser levantadas pelas gruas e colocadas sobre os carris", explica o Metro de Lisboa em comunicado.
Carruagens preparadas para "uma condução autónoma"
As 14 unidades (42 carruagens), um investimento de 72,7 milhões de euros, foram adquiridas no âmbito do Plano de Expansão e Modernização iniciado com as obras da linha circular e chegarão faseadamente até ao final do primeiro trimestre de 2025. Cada unidade tripla dispõe de 90 lugares sentados, sendo 30 assentos prioritários e espaço para duas cadeiras de rodas. Serão as primeiras com "capacidade de telemetria" e "preparadas para uma condução autónoma", revelou ainda Miguel Pinto Luz.
"A partir deste espaço onde estamos vamos conseguir monitorizar em tempo real aquilo que está a acontecer nas carruagens e nestes comboios. Isso é muito importante porque podemos antecipar problemas que existam. Já estão preparadas para uma condução quase automática que podem migrar no futuro para uma condução quase autónoma. Isso é o início de uma nova era, o Metro está-se a preparar para esse futuro", explicou, prometendo "mais novidades" para setembro. O ministro garantiu ainda que os novos equipamentos "terão melhores condições para os maquinistas e videovigilância".
As novas unidades "mais modernas", acrescenta ainda o Metro de Lisboa em comunicado, terão "janelas amplas, painéis de portas e áreas de intercirculação com elevado espaço livre, que possibilitarão que as entradas e saídas se efetuem de forma expedita, um salão de passageiros concebido para maximizar o espaço disponível", possibilitando, desta forma, "o transporte de um número mais elevado de clientes e em condições de maior comodidade". As portas das unidades triplas "não possuem rampas ou declives para facilitar a mobilidade dos utilizadores de cadeiras de rodas", explica a empresa.
Reforço da frota
O Metro de Lisboa lançou ainda, no final de 2023, um outro concurso público internacional para a compra de mais 24 novas unidades triplas (72 carruagens) para reforço da frota existente, face à expansão da rede do Metropolitano de Lisboa. Este investimento conta com a opção de aquisição de mais 12 unidades triplas (36 carruagens), com o preço base de 138 milhões de euros.
"A opção de adquirir mais 12 unidades triplas prende-se com a necessidade de vir a substituir, de forma contínua, o material circulante que se encontra em fim de vida, procurando, desta forma, assegurar-se as condições de flexibilidade e interoperacionalidade de toda a frota", esclarece o Metro de Lisboa.
Miguel Pinto Luz frisou que "temos de incentivar os portugueses a usar transporte público". "Não podemos ter estas metas ambiciosas de neutralidade carbónica e depois não darmos condições para mudarem o seu modo de transporte no dia a dia".