Os 32 trabalhadores da empresa de distribuição de laticínios do Grupo Santiago, na Venda do Pinheiro (Mafra), acusaram, esta quinta-feira, a empresa de os ter colocado no desemprego, afirmando que foram despedidos sem justa causa e sem direito a indemnizações.
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Segundo disseram à Lusa alguns trabalhadores, os mais antigos tinham seis anos na empresa, foram despedidos há dois meses sem justa causa e não receberam quaisquer indemnizações.
Um dos trabalhadores, motorista há ano e meio na Nota de Topo, empresa de logística do Grupo Santiago, explicou à agência Lusa que o seu contrato de trabalho terminaria em janeiro, mas a 13 de dezembro recebeu uma carta de despedimento a informar que o contrato terminava a dia 31 desse mês.
"Fui despedido sem justa causa e a empresa não me pagou os subsídios de férias e de Natal e os dias de trabalho do mês de janeiro", disse António Neto, de 30 anos.
De igual modo, Carlos Cardoso, 38 anos, foi despedido a 27 de dezembro sem receber o subsídio de férias e um mês e meio de salário, uma vez que o seu contrato terminaria a 15 de fevereiro.
De acordo com os mesmos relatos, alguns começaram a receber subsídio de desemprego, mas a maioria "está a passar grandes dificuldades económicas", que afetam filhos, menores de idade.
Uma vez que os serviços de logística passaram a 01 de dezembro a ser assegurados por uma empresa externa, os trabalhadores foram impedidos de entrar nas instalações da empresa para cumprir horário de trabalho.
Por sugestão da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT), Luís Pinheiro, há nove meses a trabalhar na área de distribuição do armazém, foi um dos que "teve de dormir à porta da fábrica de 15 até 31 de dezembro porque tinha horário noturno".
Quatro dias antes, recebeu uma carta a informar que o seu vínculo laboral terminaria a 31 de dezembro, último dia em que esteve na empresa, não tendo até à data recebido os subsídios de férias e de natal.
Os trabalhadores disseram à Lusa que têm vindo a contactar a administração do Grupo Santiago, mas têm sido informados de que a Nota de Topo foi alegadamente vendida à empresa Transportes Machoa e não conseguem ter contactos para falar com a nova administração.
Os trabalhadores temem que "o fecho de uma empresa e a abertura de uma nova tenha como único propósito livrar-se dos trabalhadores e das responsabilidades" e que possam estar a ser vítimas de fraude.
Por isso, apresentaram queixas à ACT e ponderam expor o caso à Polícia Judiciária.
A agência Lusa contactou com administração do Grupo Santiago, que esteve indisponível para prestar esclarecimentos, e a ACT, de quem aguarda mais informações.