Vinte imigrantes residentes em Oliveira de Azeméis frequentaram um curso de aprendizagem de Português e novas tecnologias. Dizem-se mais integrados, mas querem aprender mais. O curso durou três meses e não há, por enquanto, dinheiro para mais.
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"Quando vim pedir ajuda nem eu nem a senhora que me atendeu percebíamos nada do que estávamos a falar. Parecia um diálogo de surdos-mudos", recorda Lyubov Levitska a primeira imigrante a recorrer aos serviços do Centro Local de Apoio à Integração de Imigrantes (CLAII) de Oliveira de Azeméis, organismo que promoveu o curso de Português a 20 imigrantes.
Lyubov Levitska, de origem ucraniana, que esteve em Portugal pela primeira vez no ano de 2001, recorda as dificuldades de integração por não falar a língua portuguesa. "No início foi muito difícil. A primeira coisa que aprendi a dizer foi ‘obrigado’".
Uma dificuldade que foi ultrapassada pela determinação que demonstrou em se adaptar à nova realidade do país que escolheu para viver. Frequentou três cursos de Português e a aprendizagem serviu desde logo para concretizar um dos seus objectivos imediatos: tirar a carta de condução. E foi também útil para poder contar, agora com um sorriso nos lábios, as dificuldades que enfrentou no primeiro dia que veio para Oliveira de Azeméis.
“Entrámos [ Lyubov Levitska e o marido] num café e não falei, porque não sabia pedir nada nem tão pouco entender. Então, o meu marido pediu um café. A senhora perguntou se queria açúcar. O meu marido traduziu, mas eu abanei a cabeça dizendo que não. Fiz isto porque na Ucrânia pedir mais do que uma coisa é motivo para sermos maltratados”, diz.
Sobre o último curso que frequentou em Oliveira de Azeméis diz que foi “muito importante” mas, ressalva, “foi pouquinho tempo”. “Deviamos ter mais cursos para aprender ainda mais”. Uma opinião partilhada por outros formandos.
“Neste curso aprendi muita coisa sobre Portugal e o significado das palavras” confirma Yria Margarita Guerrero. Também esta imigrante venezuelana considera que o curso de três meses “sabem a pouco”.
“O presidente da Câmara prometeu que vai tentar fazer mais cursos para nós”, afiançou Malika El Aqqad Santiago, marroquino, que defende mais cursos técnicos.
Confrontado pelo JN com estas solicitações, o presidente da Câmara, Hermínio Loureiro, confirma o interesse em promover outras acções de formação e , depois do patrocínio da Direcção Regional de Educação do Norte para o último curso, o autarca procura agora o apoio do Instituto de Emprego e Formação Profissional.