Empresas de Guimarães, Vizela, Santo Tirso e Famalicão interessadas. Sindicato pede solução rápida.
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Em dois dias, o Tribunal de Guimarães recebeu mais duas propostas para a recuperação e manutenção dos postos de trabalho da insolvente Coelima. No final da semana passada, já um consórcio de empresas tinha apresentado um plano para a firma de Pevidém, com 253 trabalhadores que continuam "ansiosos, preocupados" e "sem dormir", admite o funcionário e coordenador do Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes, Francisco Vieira.
Depois do aparecimento do consórcio composto pelas empresas RTL e José Fontão & Cia., de Guimarães, na segunda-feira, a Felpinter, de Santo Tirso, e a Mundotêxtil, de Vizela, apresentaram um plano conjunto pela "manutenção da Coelima" e respetivos "contratos de trabalho". Um dia depois, o tribunal recebeu uma proposta da têxtil Mabera, de Famalicão, com o mesmo propósito.
Manifestações credíveis
Francisco Vieira considera que "todas as manifestações de interesse são credíveis", coincidindo na preocupação com a manutenção dos postos de trabalho e regularização dos passivos, mas distinguem-se do ponto de vista da "disponibilidade financeira" que apresentam para injetar capital na empresa de imediato.
O consórcio de Guimarães garantiu 200 mil euros para assegurar, este mês, o funcionamento da firma, enquanto a Felpinter e a Mundotêxtil concedem até 220 mil euros. A Mabera promete 250 mil "para garantir necessidades correntes da Coelima", mas "na condição de que esse valor seja considerado dívida da massa insolvente", segundo o plano de insolvência a que o JN teve acesso.
"Nada está garantido, mas nada está perdido. Estamos numa corrida contra o tempo e a morte, e a situação não pode manter-se. Estão a surgir propostas de empresas, mas o administrador da insolvência tem que tomar uma atitude", defende Francisco Vieira, reconhecendo que o responsável, Pedro Pidwell, já requereu ao tribunal "a constituição imediata de uma comissão de credores" para avançar com uma solução. No documento lê-se que a tesouraria da Coelima está "completamente exaurida" e sem condições para cumprir as "obrigações operacionais referentes ao mês de junho".
Ontem, foi ainda pedida uma assembleia de credores e, enquanto o tribunal não responder, o processo fica congelado. O passivo da Coelima é de 29,5 milhões de euros a cerca de 250 credores. Os ativos imobiliários valem 15 milhões.
Reunião
O sindicato e a federação dos trabalhadores têxteis e a CGTP têm uma reunião no Ministério da Economia na sexta-feira para discutir a insolvência da Coelima. A Caixa Geral e o Banco de Fomento estão entre os maiores credores.
Trabalhadores
O coordenador do Sindicato Têxtil do Minho, Francisco Vieira, admite que, no caso da compra da Coelima não se efetivar, já há empresas locais interessadas em absorver os trabalhadores.
Mês e meio de agonia
14 de abril: Coelima apresenta insolvência. A decisão visa avançar para um plano especial de revitalização.
22 abril: Petição inicial do pedido de insolvência mostra que o passivo da Coelima é de 29,5 milhões.
27 maio: Administração desiste de entregar o plano de recuperação, justificando que "não foi possível obter os apoios necessários".
28 maio: Tribunal de Guimarães afasta grupo MoreTextile e coloca administrador de insolvência.