Tribunal aceitou providência cautelar, mas casas de bairro de Loures ainda "foram abaixo"
Moradores denunciam que demolição continua esta terça-feira, apesar do despacho do Tribunal Administrativo de Lisboa.
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O Tribunal Administrativo de Lisboa aceitou uma providência cautelar para travar a demolição de barracas no bairro ilegal do Talude Militar, que começou na segunda-feira. A informação foi avançada pelo "Expresso" e confirmada ao JN por Engels Amaral, representante dos moradores. Engels Amaral diz, no entanto, que na manhã desta terça-feira as máquinas continuavam a derrubar habitações.
“A Câmara foi notificada via email para parar com as demolições, mas esta manhã estão a prosseguir com as demolições”, denunciou Engels Amaral, adiantando que ontem terão sido desmanteladas “entre 30 e 40” barracas e, esta manhã, mais “umas três”. Muitas pessoas que ontem ficaram sem habitação “dormiram no bairro, ao relento”, acrescentou.
Segundo o tribunal, não há “qualquer interesse público imediato que justifique a criação de situação de risco atual das famílias despejadas”. De acordo com o despacho, os requerentes e as suas famílias encontram-se “em risco de ficar sem habitação e em situação de sem-abrigo”, “sem qualquer alternativa habitacional”. Assim, a “integridade física e moral” das mesmas está em risco, o que “não é possível afastar sem medidas judiciais urgentes”.
Entretanto, as demolições foram “suspensas enquanto se analisa” um despacho judicial, indicou fonte da Câmara de Loures, referindo que de manhã algumas casas “foram abaixo”. A informação foi dada à agência Lusa pelas 10.50 horas e a suspensão das demolições foi confirmada pelo movimento Vida Justa. Em declarações à Lusa, um elemento do movimento e deputado municipal no terreno disse que as demolições foram retomadas “às 8 horas e foram demolidas pelo menos quatro casas”, tendo entretanto as máquinas parado.
As famílias dos requerentes incluem “dois doentes, sete crianças e uma grávida”.