Tanya e Joaquim trocam barulho de Lisboa pelo sossego de Lourido, onde o custo de vida é menor.
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Tanya Pires, de 42 anos, e o marido Joaquim Cavalleri, de 52, escolheram viver com os dois filhos, Violeta, de 15, e Viriato, de 11, numa aldeia em Ponte da Barca, um dos seis concelhos onde o rendimento médio mais cresceu, embora ainda seja o município do Alto Minho com o “ganho” mais baixo. Estão longe de tudo, mas a “proximidade” e o espírito comunitário são as principais vantagens em comparação com a sua vivência anterior na região de Lisboa. O casal encontrou outros benefícios no Alto Minho, como a segurança, o viver rodeado de natureza, as boas condições das escolas, o custo e a qualidade de vida.
Esta família “urbano-rural” reside há nove anos numa casa construída a partir de uma antiga corte [curral] de animais, no lugar de Lourido, na freguesia de Entre Ambos-os-Rios. “Cá, não só as coisas são mais baratas, como não tens tantas despesas”, refere Joaquim. E Tanya complementa: “Aqui não desperta o consumismo”. O filho mais novo, Viriato, destaca “o silêncio e a calma” da aldeia.
“Não há trânsito, não há barulho, não há pessoas sempre a incomodar, como nas cidades. Em Lisboa, não podes sair à rua sozinho, alguém pode roubar-te. Aqui, a única coisa que te podia roubar era, provavelmente, um pássaro roubar-te espaço no teu telemóvel por lhe tirares uma foto”, avalia o jovem, que se confessa pouco apreciador de multidões, mas amante dos seus animais: a cadela Sky, os gatos Oreo, Fúria e Miu Miu, e os periquitos Bluey e Mika.
“A nossa vida é mesmo muito simples. Gosto muito e toda a gente devia viver assim. Acho horrível viver em prédios. Acordas a meio da noite, tens sede ou fome, ou não consegues dormir e não podes fazer nenhum barulho para baixo e para cima”, comenta o pequeno Viriato.
Joaquim, programador informático que trabalha a partir de Ponte da Barca [home office], principalmente para clientes na Alemanha, vive onde sempre aspirou viver. “Comecei a vir para cá há 30 anos. Tinha aqui uma amiga e sentia que aqui era um sítio bom para viver, sobretudo pela natureza. Quando era miúdo, passávamos as férias na serra de Sintra, mas, entretanto, Sintra ficou muito urbana, à volta deixou de haver aquele sossego, e isto era a coisa mais parecida”, sustenta.
Tanya trabalhou num estúdio em “pós-produção áudio para publicidade de televisão” e deixou tudo “por amor” a Joaquim. “Ele sempre quis vir para Ponte da Barca. Eu nunca pensei nisso, mas, entretanto, aconteceu a Violeta. Foi um feliz acaso e, desde o nascimento dela até virmos para cima – ela entrou aqui para o 1.º ano –, foram seis anos para encaixar que ia mudar de vida”, recorda. “Quando viemos ver a escola, achamos que era o que fazia sentido. Pela escola, pela calma, pelo sítio comunitário, onde as pessoas se conhecem todas umas às outras”.