Infraestrutura atingiu em dois anos as expectativas que a IP tinha para 2023. Criados à sua custa cerca de 1500 empregos.
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Considerado por António Costa como "a infraestrutura mais relevante do país desde a ponte sobre o Tejo", o Túnel do Marão assinala, esta terça-feira, dois anos desde a sua abertura. Desde o dia 8 de maio de 2016, já foi atravessado por oito milhões de viaturas, um volume de tráfego que superou as melhores expectativas. A procura atual, que corresponde a uma média de 11 mil veículos por dia, estava prevista apenas para 2023, segundo o estudo que serviu de base à construção do túnel. Mais de 10% da circulação diária corresponde a tráfego de veículos pesados.
Na inauguração, o primeiro-ministro disse que rasgar este túnel abriria "séculos de oportunidades de desenvolvimento para Trás-os--Montes". Ainda que não seja fator único, a infraestrutura revelou-se um "facilitador". "Nos últimos dois anos, criaram-se mais de 1500 empregos em Vila Real. Hoje temos mais pessoas empregadas e mais empresas já instaladas ou a querer instalar-se aqui", assegura o vereador da Câmara de Vila Real, Nuno Augusto, responsável pelo Desenvolvimento Económico.
Para quem vive para lá do Marão, a palavra interioridade faz cada vez menos sentido. O túnel, que está inserido na A4 e substituiu o sinuoso IP4, obrigou as empresas transportadoras a fazer contas às portagens, ao combustível e ao desgaste das viaturas na subida da serra do Marão. "Mas quando se introduz o fator segurança nos cálculos, o túnel compensa de longe", defende José Alves, gerente da Rodomarão, empresa de transporte, distribuição e logística, que usa o túnel diariamente. "No início fiz todas as contas possíveis e mais algumas. Os ganhos não são financeiros, mas o túnel traz ganhos reais em termos de segurança, rapidez, comodidade e o facto de nunca termos o Marão interrompido por períodos significativos devido à neve ou ao gelo", sublinha.
Miguel Pinto vive em Vila do Conde e desloca-se, todos os dias, para Vila Real "pelo Túnel do Marão, claro". "Antes era muito penoso fazer a viagem e era obrigado, muitas vezes, a trabalhar a partir de casa por causa das condições meteorológicas", conta o diretor da Kathrein, que exporta componentes automóveis. Na empresa, há outras 30 pessoas que vivem fora de Vila Real e que atravessam o túnel diariamente. "O recrutamento de pessoas era mais complicado quando só existia o IP4. Agora o Porto está apenas a 45/50 minutos de distância de Vila Real. Temos funcionários do Porto que já trabalharam em Gaia e que demoravam tanto tempo a chegar lá como a Vila Real", revela. Também a nível empresarial, o túnel veio facilitar e garantir o cumprimento de prazos.
O tráfego que até então se fazia pelo IP4 transferiu-se praticamente todo para a A4. Em agosto de 2017, registou-se o número mais elevado de viaturas a atravessar a infraestrutura, numa média de 14 894 veículos por dia.