Uma peça fundamental do Plano de Drenagem de Lisboa, que vai minimizar os impactos das cheias na cidade, está praticamente pronta para começar a cavar túneis em dezembro. A tuneladora, construída à medida na China, vai "retirar terra" ao longo de mais de seis quilómetros e criar dois túneis que impedirão inundações.
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Mais de setenta metros abaixo do chão, a máquina vai percorrer cinco quilómetros entre Campolide e Santa Apolónia. "Tem 5,5 metros de diâmetro, é como se fosse um prédio de mais de dois andares. Vai retirar terra e fazer um túnel que levará as águas de potenciais cheias, quando houver muita chuva, até Santa Apolónia", revelou aos jornalistas o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, esta manhã de quarta-feira, numa visita à obra. "É única, a maior alguma vez feita (em Portugal). Penso que na Europa não deve haver uma obra desta dimensão, à exceção de uma em Londres. Vai ser um exemplo importante para mostrar noutros países", frisou.
Assim que chegar a Santa Apolónia, a tuneladora terá de ser retirada e inserida noutro túnel mais pequeno, de um quilómetro, entre Chelas e o Beato, "que também levará as águas em excesso para o rio". "Em Santa Apolónia, quando a água chega ao rio, o túnel tem de abrir para reduzir a velocidade da água, para não entrar à bruta no rio", explicou ainda o autarca, acrescentando que os dois túneis vão custar 130 milhões de euros e deverão estar concluídos até ao final de 2025. A estrutura que "exige uma qualificação muito grande para ser manuseada", vai começar "a furar" o solo a partir de dezembro.
Moedas garantiu que cheias, como as que ocorreram em dezembro do ano passado, não aconteceriam se este túnel já estivesse construído. "Tudo isso poderia ter sido evitado. Se não tivermos este túnel vamos continuar a ter cheias, em Lisboa, todos os anos. Assim resolvemos um problema de décadas na cidade", ressalvou.