Uma turista espanhola com cerca de 20 anos morreu, esta sexta-feira, na sequência de uma derrocada na levada de Água de Alto, no Faial, Santana, na Madeira, e outras duas pessoas tiveram de ser socorridas, confirmaram os bombeiros.
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"Houve um desprendimento de pedras da zona da levada utilizada pelos levadeiros. Verificou-se que se encontravam duas vítimas no patamar da levada, vítimas essas com escoriações ligeiras. Na parte inferior da levada, supõe-se que apanhada por alguma pedra, estava uma terceira vitima [mortal]", disse aos jornalistas o responsável pelos bombeiros na zona do incidente, Ricardo Rosa.
Segundo o adjunto do comando dos bombeiros de Santana, as outras duas pessoas não "aparentavam ser vítimas graves", mas foram encaminhadas para o centro de saúde local sobretudo devido à "descarga emocional". "São vítimas de nacionalidade espanhola. Presume-se que seja uma família, pais e filha. A vítima, a filha, terá uma idade entre os 20 e os 21 anos", acrescentou.
O alerta foi dado pelas 13.05 horas e na operação estiveram envolvidos sete veículos e 17 operacionais naquela zona da freguesia do Faial, numa área que não foi afetada pelo incêndio que lavra na Madeira há dez dias.
"Rapidamente empenhamos para o local da nossa corporação três veículos e sete homens. Também foi pedido auxílio à equipa dos bombeiros municipais de Machico, com uma equipa de resgate e montanha que empenharam dez homens e três veículos", detalhou.
Quando questionado, Ricardo Rosa afirmou que os bombeiros "não têm conhecimento" de que exista a indicação de risco naquela levada. "Não temos esse conhecimento. Deve ser feita essa questão a quem de direito", declarou.
As levadas são canais de água ou caminhos de irrigação habitualmente estreitos e fundos que existem em várias zonas da ilha.
O adjunto do comando dos bombeiros de Santana realçou que aquele caminho é sobretudo "utilizado pelos levadeiros locais", não sendo considerado um "percurso recomendado" para turistas. "Não é considerado um percurso recomendado. No entanto, devido ao que acontece hoje em dia, dado as redes sociais, há muitos turistas que a frequentam e fazem publicações que torna muito mais apelativo a que as pessoas venham", reforçou.
"É uma vereda, uma levada, como muitas outras que existem, que não está sinalizada como percurso recomendado, serve essencialmente para transportar água para a agricultura e as limpezas são feitas essencialmente para manter a levada com água a circular", explicou, por sua vez, Dinarte Fernandes.
Em declarações à agência Lusa, o autarca esclareceu que a levada serve com água de regadio a freguesia do Faial, uma das seis que compõem o concelho de Santana, no norte da ilha da Madeira, e é a única naquela localidade. "Há uns anos a esta parte é uma levada muito utilizada por turistas", disse, indicando que a sua divulgação ocorre sobretudo nas redes sociais.
Dinarte Fernandes sublinhou que "também nos percursos recomendados caem pedras" e lembrou a derrocada ocorrida em outubro de 2019, na levada do Caldeirão Verde, também no concelho de Santana, que fez 11 feridos, todos turistas, de várias nacionalidades.
Em comunicado enviado às redações, o Serviço Regional de Proteção Civil adianta que as outras duas pessoas socorridas estão a "receber acompanhamento psicológico" e destaca que o caminho onde aconteceu a derrocada não é um trilho classificado pelo Instituto das Florestas e Conservação da Natureza.
A Proteção Civil sinaliza ainda que o incidente "não foi provocado pelo incêndio" que assola a ilha.