Sete zonas balneares não concessionadas na costa portuguesa dedicadas a banhistas de quatro patas. Este ano, surgiu uma nova praia experimental em Odemira.
Corpo do artigo
Alicia Dompablo e Santos de la Fuente, percorreram quase 500 quilómetros desde Valladolid (Espanha) até Viana do Castelo, para passar o dia com os seus quatro cães na Praia do Coral, situada às portas da cidade. É o segundo ano que o fazem, animados com a ideia de ter uma zona balnear onde as cadelas Tria, Tróia, Tati e Loba possam andar ao ar livre, brincar e banhar-se sem incomodar os banhistas.
Em Portugal, o acesso de cães às praias concessionadas é interdito durante a época balnear, exceto no caso dos cães de assistência. E aquela é uma das sete praias na costa portuguesa destinadas a uso canino, juntamente com as praias dos Pescadores (Oeiras), das Amoreiras (Torres Vedras), do Porto da Areia Norte (Peniche), Suave Mar e da Ramalha Sul (ambas em Esposende). Nesta época balnear, o país ganhou mais uma em regime experimental, na foz do rio Mira, no concelho de Odemira. (ler caixilho).
"No ano passado viemos visitar a cidade, pesquisamos e vimos que havia uma praia para cães. Ficamos encantados, porque é uma praia muito tranquila e onde é fácil estacionar. Por isso, regressamos este ano", contou Santos de la Fuente, comentando: "A zona é encantadora e a gente também. Encanta-nos tudo".
O casal espanhol, ele motorista e ela auxiliar numa escola, confessa-se apaixonado por cães. Quando se conheceram cada um deles já tinha duas cadelas (2 bull terrier, 1 border collie e 1 dalmata), que agora formam "a família canina", que o JN encontrou a banhos na Praia do Coral.
Nem todas tomam banho
"Elas gostam desta praia, mas têm dias, como as pessoas", brinca Santos de la Fuente. "Nem todas tomam banho, mas gostam de ir pela borda da água molhar as patitas". E reconhece a importância daqueles espaços. "Em Espanha, também há algumas praias. Cada zona tem um espaço já destinado a cães, embora em locais afastados", disse. E a Alicia, que não tira os olhos da cadela Loba, a mais agitada de todas, completou: "Acho que devia haver mais. Aqui em Portugal também. Há muita praia que podiam aproveitar".
Fazem parte da família
A praia canina em Viana do Castelo foi criada em 2017, segundo o Comandante da Capitania, Sameiro Matias, aproveitando o facto de "aquelas não serem águas balneares".
"Está no seu estado selvagem e os cães podem utilizá-la, sob determinadas regras, como uso de trela. Se forem de raças perigosas, estão obrigados a usar açaime e devem ser apanhados os dejetos. A Câmara faz a limpeza", explicou.
No dia desta reportagem, a família espanhola era a única a "fazer praia" no local, mas havia ainda outro casal de espanhóis com uma cadela, numa autocaravana no parque de estacionamento. E, de vez em quando, surgiam outros utilizadores a passear os seus "amigos de quatro patas".
Os namorados Joana Vieira e Pedro Guerreiro passeiam com frequência naquele areal a sua cadela Kidu, que foi adotada.
"Usamos muito esta praia, porque ela gosta de correr na areia e ir até à água. Às vezes, fazemos uma coisa que não se pode fazer que é tirar-lhe a trela", conta Pedro, referindo que nem sempre podem fazê-lo.
"Um dia destes, vim cá e estavam três casais, cada um no seu espaço, com os seus cãezinhos, um Beagle, um Castro Laboreiro e um rafeirinho", descreveu, contestando a proibição de animais nas praias. "A praia não é de ninguém. Devia ser permitido. Com regras que mal tem? Quem tem um cão gosta de estar com ele. Faz parte da família".
E Joana completa: "Isto é maravilhoso, porque eles (os cães) gostam da praia como nós e ter de deixá-los ficar em casa custa um bocado".
Odemira
"Não basta proibir", diz Ricardo Cardoso
O município de Odemira, em Beja, criou este ano uma praia para cães, em regime experimental na foz do rio Mira, próxima da praia de Furnas-Rio. "Não basta proibir é necessário encontrar soluções alternativas", entende o vice-presidente da Câmara, Ricardo Cardoso. Esta praia atrairá "para o concelho um público especifico, criando uma resposta adequada à procura que existe" e dá respostas às necessidades.
