Turistas puderam votar na Serra de Arga mas autarca rejeita sistema em Autárquicas
As três secções de voto da União de Freguesias de Arga (Baixo, Cima e São João), em Caminha, distrito de Viana do Castelo, registaram este domingo uma afluência fora do habitual, por causa do voto em mobilidade nas Eleições Europeias.
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Naquelas freguesias serranas, o universo de eleitores é de 184, mas votaram 244. Ou seja, exerceram o voto nas três mesas mais 60 pessoas do que as inscritas nos cadernos eleitorais. Outro exemplo semelhante aconteceu na freguesia de Campo do Gerês, em Terras de Bouro (distrito de Braga), onde o total de eleitores inscritos é de 169, mas votaram 189.
O presidente da Junta da União de Freguesias de Arga (Baixo, Cima e São João), Ventura Cunha, confirmou ao Jornal de Notícias o cenário de queda inédita da abstenção, que relaciona com o facto de visitantes e turistas terem podido votar naquelas aldeias da Serra d’Arga. Mas defende que o mesmo sistema não deve ser utilizado em Eleições Autárquicas.
“Para estas eleições acho bem, mas depois para as Autárquicas não pode funcionar desta maneira. Para as Juntas e para a Câmara terão de resolver de outra forma, porque julgo que só poderão votar os eleitores locais. Não pode, por exemplo, uma pessoa que mora em Lisboa vir decidir sobre as coisas daqui da freguesia, sem conhecimento de nada. Isso não tem cabimento”, disse ao JN, comentando, de resto, que a abstenção na serra desceu de cerca de “45% para 32%”, por causa do voto em mobilidade.
“Foram pessoas que estavam de passagem e que andavam por aqui a passear que votaram nas três Argas”, justificou Ventura Cunha, acrescentando que o mesmo “aconteceu em mais freguesias” daquele concelho.
“Ontem à noite estive com o presidente da Junta de Lanhelas [Caminha], que diz que parou lá um autocarro [de excursão] para ir votar. Parou e alguém foi perguntar onde é que se podia votar e foi um autocarro cheio de pessoas votar”, relatou o autarca, comentando que os efeitos do voto em mobilidade se notaram “porque calhou numa altura em que estava bom tempo e andava por aí muita gente que não era de cá”. E concluiu: “Para as Eleições Europeias faz sentido. Tive conhecimento de umas pessoas daqui que estão no Algarve e foram votar lá”.