Os habitantes de Silgueiros, em Viseu, estão revoltados pelo facto de a paróquia ter impedido a utilização da casa paroquial por parte de refugiados ucranianos.
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A moradia, junto à Igreja, está desocupada, mas mesmo assim não pode ser habitada por quem deixou tudo para trás e fugiu da guerra. Isto porque um elemento da comissão fabriqueira local se opôs à disponibilização da habitação, apesar do apelo lançado pela Diocese para que as paróquias cedessem casas em condições de integrarem uma bolsa destinada ao acolhimento de refugiados ucranianos.
Um membro do conselho económico da paróquia recusou que a habitação do padre, que funciona apenas como secretaria, fosse utilizada por cidadãos ucranianos por ter sofrido obras há pouco tempo. Teme que os refugiados danifiquem a moradia após a intervenção feita. É o próprio padre de Silgueiros quem o admite. "Isto gerou um mal-estar na paróquia. Ao início pensava-se que a casa ia ser cedida porque só funciona como secretaria, no entanto, houve um membro [da fábrica da Igreja] que não concordou e o Bispo de Viseu, para não gerar um mal-estar na comunidade, achou por bem não libertar a casa", adiantou ao JN o pároco Raimundo Ferreira Araújo.
O sacerdote era favorável à disponibilização da moradia, à semelhança do que fez com a outra paróquia em que serve na localidade vizinha de Lageosa do Dão, já no concelho de Tondela.
Um elemento da Comissão Fabriqueira de Silgueiros recusou prestar declarações ao JN, alegando não querer "alimentar polémicas", num caso que resulta de "uma série de mal-entendidos". Não foi possível obter uma reação do Bispo de Viseu, D. António Luciano.