"Já há muitos anos que faço isto por fé. Deixaram-me de herança. O meu pai, que já faleceu, tinha muita fé na Senhora da Assunção", explica José Pereira, que há três anos consecutivos leva o andor da santa na procissão. A festa da padroeira dos pescadores é a maior manifestação religiosa da Póvoa de Varzim e uma das maiores da zona Norte.
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A procissão leva nove andores, mais de três centenas de figurantes e o facto de se realizar em Agosto, numa altura de mudança de quinzena, e, este ano, ter calhado num domingo, contribuiu ainda mais para que, ontem, fossem milhares os fiéis que "invadiram" as ruas. Objectivo: assistir à procissão e ver os tradicionais tapetes de flores e serrim que enchem a rua central do bairro sul.
José Pereira e o irmão, comerciantes de peixe, partilham a tarefa de coordenar o grupo de 43 pessoas que transporta os andores da Senhora da Assunção e da Santíssima Trindade. É assim há três anos e o grupo "praticamente não muda".
Move-os a fé das gentes do mar, mas outrora, lembra José Pereira, "até havia barulho entre os pescadores [habitualmente quem transporta os andores] para decidir quem levava a Senhora d'Assunção". Hoje, os tempos são outros e metade dos nove andores são já carregados por comerciantes de peixe.
"É o orgulho da comunidade piscatória: as pessoas esmeram-se, cada vez mais, para fazer os tapetes de flores, enfeitar os andores, preparar tudo", explicou, ao JN, António Marafona, juiz da Real Irmandade da Nossa Senhora da Assunção, ainda antes da saída da procissão, que percorreu mais de três quilómetros, desde a igreja da Lapa até ao porto de pesca, onde, com os andores virados para o mar, parou por meia hora para o fogo de artifício de homenagem à Senhora. Os homens do mar pedem sorte e protecção por mais um ano.
Depois, a procissão recolheu à igreja da Lapa, onde os festejos em honra da padroeira dos pescadores terminarão, no próximo sábado, com a cerimónia do "beija-mão" da Senhora.