O que está "à superfície" já muitos conhecem. Mas escondida nos bastidores do Museu Municipal de Penafiel, que esta segunda-feira completa 75 anos de existência, há uma coleção de milhares de peças, relativa à etnografia, arqueologia e história local, que dava para fazer vários outros museus.
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Para a inventariação dos objetos que compõem o acervo do Museu de Penafiel é realizado muito trabalho, invisível aos olhos dos visitantes. Desde 2009 - quando se fixou nas instalações na Rua do Paço -, totalizam já cerca de 200 mil.
Nas reservas deste museu há "de tudo, como na farmácia", brinca Maria José Santos, diretora, numa visita guiada. Na realidade, há mesmo o mobiliário doado de uma antiga farmácia. Nos 1200 m2 dedicados ao espaço de reserva, a heterogeneidade das peças é vasta. Vai desde tratores e alfaias agrícolas, até antigos baús e ferros de engomar, peças de cerâmica (resultado de escavações no concelho), têxteis, máquinas de costura, ferramentas de carpintaria e marcenaria, regadores de metal, formas de sapateiros, uma coleção de brinquedos, chaves e até, imagine-se, uma armadura ou o primeiro computador da Câmara.
O processo é sempre o mesmo. Os objetos - 99% fruto de doações ao Museu - são alvo de limpeza, marcação, medição e descrição das características, informação que é vertida na ficha de inventário, "o cartão de cidadão", assim como registo fotográfico. O número atribuído à peça permite encontrá-la entre os milhares que ocupam as prateleiras. São 15 mil as já inventariadas, mas há mais, a que se junta um acervo documental de 9000 espécimes, sobretudo fotografias.
A coleção do museu é muita vasta e heterogénea e está em permanente aumento, sobretudo pela coleção de arqueologia
"Esse trabalho de inventariação é fundamental. Precisamos de conhecer a coleção que temos à nossa guarda, a história dos objetos, zelar pela preservação e, sempre que possível, comunicá-los, que é o papel do museu", descreve Maria José. Durante todo o ano, os funcionários - 16 ao todo - fazem manutenção preventiva das peças, incluindo as da coleção exposta ao público.
Este espaço é um verdadeiro guardião da história local. "A coleção do museu é muito vasta e heterogénea e está em permanente aumento, sobretudo pela coleção de arqueologia. Não temos nenhum tesouro nacional.
Estes objetos não são particularmente singulares ou raros. Na maioria, são objetos comuns do quotidiano desta comunidade que vamos preservando", realça a diretora. Estas peças da reserva são mostradas ao público, pontualmente, em exposições temporárias e nas atividades do serviço educativo.