Expansão das áreas verdes e produção de energia nos bairros sociais é prioridade.
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Mostrar as boas ideias, partilhar soluções, dar o exemplo, incentivar a mudança. Foi com este objetivo que, ao longo de um mês e meio, a Câmara do Porto realizou, no âmbito do Pacto do Porto para o Clima, os "Roteiros com ImPacto". Duas centenas acompanharam tudo de perto. A próxima edição já está prometida. Entretanto, a autarquia eleva a fasquia. Estar na linha da frente exige "arrojo": mais zonas verdes, mais telhados a produzir energia, benefícios no IMI, incentivos ao transporte público e à mobilidade suave, eletrificação da frota da STCP, um papel pró-ativo na busca de solução para a VCI. 657 milhões de euros gastos entre 2017 e 2023, dois mil milhões até 2030 rumo à neutralidade carbónica.
"Se queremos mudar o paradigma, nós temos que ser os primeiros a dar o exemplo", afirmou o vice-presidente da Câmara, Filipe Araújo, satisfeito com a adesão aos "Roteiros com ImPacto".
A aposta nos espaços verdes é "para continuar" e o recém-inaugurado Parque Urbano Dr. Mário Soares é já um exemplo. Nos parques da Asprela, Oriental, S. Roque, Alameda de Cartes e das Águas são muitas as bacias de retenção de água, destinadas a mitigar os efeitos das cheias, as ribeiras agora limpas, os percursos pedonais e cicláveis, as árvores - que são já 70 mil sob a alçada do município - a ajudar à retenção de carbono. Quem acompanhou os roteiros descobriu novas "joias" e alternativas ao carro.
No que toca à energia, a ideia é "ter uma cidade que produz o que consome": "12% dos telhados da cidade são de habitação social. Queremos pô-los todos a produzir energia". A comunidade energética do Bairro da Agra do Amial é o projeto-piloto: painéis solares nos telhados de 180 famílias, poupanças na fatura energética de 50%. Agora, a ideia é "replicar o modelo", pouco a pouco, nos 50 bairros da cidade.
Por outro lado, e porque 88% dos telhados não são da autarquia, é preciso ajudar instituições - e o Tribunal da Relação é apenas um exemplo (tem 83 painéis e já produz 50% da energia que consome) - e incentivar privados - como o F. C. Porto (no Olival, são já 60%). Quem quiser produzir energia, vai pagar 500 euros a menos no IMI por cada quilowatt instalado. "Serão oito milhões de euros de benefícios até 2030", frisou Filipe Araújo.
Mobilidade e transportes são responsáveis por 40% das emissões. O Terminal Intermodal de Campanhã foi "um passo gigante" que já "tirou mais de mil autocarros por dia do centro da cidade". Seguem-se as novas linhas de metro, a eletrificação da frota da STCP e a maior utilização do biometano. A busca de uma solução para a VCI é tema caro. O governo já prometeu. O Porto vai "cobrar". Mais transporte público, menos carros, menos emissões. Descarbonização, sustentabilidade, resiliência e reutilização são palavras de ordem.
Segunda edição na calha
Foram cinco roteiros, 12 visitas guiadas. Percorreram parques, descobriram soluções para evitar cheias e novos trilhos para fazer a pé ou de bicicleta, viram novas tecnologias para transformar águas residuais em água de rega ou converter lamas em biogás, descobriram comunidades energéticas e formas de aproveitar telhados para produzir energia, estiveram numa escola "verde" que ruma à autossuficiência. A ideia é preparar já uma segunda edição, mostrar outros exemplos públicos e privados e continuar a espalhar a mensagem, porque "uma cidade neutra em carbono terá melhor qualidade de vida".