"Rio demolidor" e a imagem de uma torre em implosão - foi assim que o "Jornal de Notícias" destacou, na primeira página de 17 de dezembro de 2011, aquele que viria a ser o início do fim do Bairro do Aleixo, importante marco para a cidade do Porto e desejo maior da governação de Rui Rio, então autarca maioritário, que executou a ordem de demolição com explosivos do primeiro prédio. Cinco segundos bastaram para o colapso de um quinto do bairro do Porto ocidental, um dos mais estigmatizados da cidade e principal centro de consumo e tráfico de droga.
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Eram 11.45 horas de dia 16 quando a Torre 5 - com 13 andares e 65 casas - foi dinamitada num "momento emocional e bruto", "curto e muito intenso", transformando-se em pó, cinza e ruína, ao ser "arrancada com violência" de uma encosta a partir daí "desdentada", escrevia o JN na primeira de quatro páginas dedicadas à demolição inicial. Evaporaram-se "37 anos em cinco segundos", lia-se no título da reportagem que narrou ao pormenor o momento da detonação e a "inquietude e comoção" à sua volta.
Na página seguinte, destaque para a escolha do então presidente da Câmara, de maioria PSD/CDS, que optou por assistir ao momento longe dos populares, a bordo de um barco de cruzeiros no rio Douro, onde, "de pé, impávido e quase sem mexer um músculo", destacava "um passo muito importante" para si e para a cidade, enquanto manifestava o objetivo - não cumprido - de ver concretizada a demolição integral do bairro e o realojamento das pessoas antes do final do mantado, em 2013. Os brindes com champanhe de Rui Rio e seus convivas contrastavam com a dor e fúria populares na base da Torre 2, onde a revolta dos moradores saía pelos gritos e choros, pelos insultos e tentativas de agressão à Polícia (com cerca de 250 a 300 elementos no local), que usou gás-pimenta para "acalmar os ânimos".
A megacobertura da demolição da Torre 5 na edição impressa - com a mobilização de pelo menos três jornalistas e três fotojornalistas - foi acompanhada por aquele que foi um dos primeiros grandes trabalhos multimédia do JN. Além de um acompanhamento ao minuto assegurado em www.jn.pt, a equipa do Online esteve no local com quatro jornalistas, cada um com uma câmara, a filmar o momento da implosão a partir de diferentes pontos, um dos quais a ainda existente Taberna Canoa, no Alto da Arrábida, "quartel-general" para os jornalistas que faziam, naquele dia e nos seguintes, a cobertura da demolição.