A dois passos do Hospital de São João, no Porto, há uma "casa de amor" que dá colo às famílias de crianças em tratamento hospitalar, com diagnóticos complexos e internamentos longos. A Fundação Infantil Ronald McDonald assinala 25 anos de presença em Portugal e quer duplicar a presença nos hospitais públicos do país.
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Enquanto o arroz de tomate malandrinho borbulha no tacho, Ivete Maquia arruma os utensílios que usou na cozinha. É quase meio-dia, hora de "trocar de turno" com o companheiro Danilo, que passou mais uma noite ao lado de Alessandra, ali ao lado, no Hospital de São João. Em agosto de 2023, a família partiu de Moçambique rumo ao Porto para tratar da filha, na altura com cinco anos, diagnosticada com um cancro numa fase um pouco avançada. "Só o diagnóstico já foi uma surpresa. Saber que tínhamos de mudar, não só de país, mas também de continente, foi outra surpresa. Mas enfim, pelos nossos filhos preparamo-nos para tudo", afirma a mãe de 40 anos que, além de Alessandra, tem também Russel e Idris, de 14 e dois anos.
Foi na casa da Fundação Infantil Ronald McDonald, inaugurada em 2013, que encontraram guarida. Partilham o espaço com outras famílias, cujos filhos estão internados ou em tratamento, trocam experiências e encontram a normalidade possível numa rotina que inclui sempre os corredores do S. João. Ainda que estejam a milhares de quilómetros de casa, voltariam a fazer tudo de novo. "Primeiro, a Alessandra veio só com o pai e só depois é que viemos nós. A partir daí, o pessoal do hospital diz que a Alessandra começou a ficar melhor. Juntos somos sempre mais fortes, mesmo", considera Ivete.