Projeto T0 na Escola venceu Orçamento Participativo Jovem e está instalado na EB 2, 3 de Caíde de Rei, em Lousada.
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É uma "casa" dentro da escola. Ali não há apontamentos, mas também se aprende. Aprende-se a fazer uma cama e a arrumar, cozinhar doces e salgados, tratar da roupa e da higiene pessoal, a plantar e a colher e a interagir. O "T0 na Escola - a autonomia ao acesso de todos" foi o projeto vencedor do Orçamento Participativo Jovem de Lousada 2020 e está implementado na EB 2, 3 de Caíde de Rei, já que a proposta partiu da associação de estudantes e do Departamento de Educação Especial. Tem como meta principal dar autonomia aos alunos com necessidades educativas especiais.
Hélder Carneiro, de 15 anos, apresenta a "casa". "Temos uma sala, onde trabalhamos e fazemos jogos, leitura e culinária. Aqui é o quarto. Já aprendi, há muito, a fazer a cama", conta o aluno, animado, enquanto percorre o curto espaço que liga sala e cozinha, quarto, casa de banho e lavandaria. À primeira vista é um simples contentor, mas para estes jovens é mais do que isso.
"Eles aqui conseguem fazer, conseguem ter sucesso e sentem isto como deles", comentam os responsáveis. Hélder, autista, concorda. "Gosto muito de culinária e de mostrar aos colegas o que sei fazer. Quando chego a casa, conto o que aprendi e ajudo", resume.
Ali também é, por vezes, o refúgio de Sara Cunha, de 15 anos. "Estou a aprender mais e a ajudar os outros. Nas aulas tenho dificuldades, mas aqui gosto de aprender", conta, enquanto mexe na terra dos canteiros. "Isto ajuda-me muito quando tenho ataques de ansiedade. Venho para aqui onde as pessoas são aconchegantes e não há preconceito. Ajudamo-nos uns aos outros e acalmo-me", explica a aluna do 9.º ano.
Replicam em casa
A principal meta é desenvolver competências de autonomia, promovendo aprendizagens em contexto real, explica Isabel Barbosa, coordenadora da equipa multidisciplinar de apoio à educação inclusiva. "É para alunos com incapacidade e com dificuldades de aprendizagem graves, mas todos podem participar", sustenta. "Com isto mostram mais entusiasmo de vir para a escola. As aprendizagens tornam-se mais significativas porque vêm fazer coisas de que gostam, que conseguem fazer e replicam isso em casa", frisa ainda.
Tanto Isabel Barbosa como o vereador da Juventude da Câmara de Lousada concordam num aspeto: estes projetos deviam existir, de raiz, em todas as escolas do país. Nélson Oliveira não põe de parte a ideia de implementar soluções idênticas noutros estabelecimentos de ensino do concelho.