Cerca de 300 pessoas desfilaram, na manhã deste sábado, nas ruas de Caldas da Rainha em protesto contra a decisão do Governo de construir o novo hospital do Oeste no Bombarral. Durante o percurso, foram distribuídos folhetos onde se diz que a escolha viola os instrumentos de ordenamento do território.
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"Caldas da Rainha, com uma história de mais de 500 anos de cuidados hospitalares, não pode ficar sem essa resposta", afirmou Vítor Marques, presidente da Câmara, no início da manifestação, que, simbolicamente, começou junto à estátua da Rainha D. Leonor, fundadora do hospital termal, que se encontra de panos pretos em "sinal de luto".
Também nas fachadas e janelas de vários edifícios públicos, lojas e habitações do centro da cidade foram colocadas tarjas pretas em protesto."Estamos de luto e em luta", afiança António Magalhães, de 76 anos, um dos primeiros a chegar à concentração. Diz que participou por "dever cívico" de "fazer ver aos políticos a injustiça" da decisão do Governo.
Inadmissível deixar uma cidade com mais de 50 mil habitantes sem hospital
"É inadmissível deixar uma cidade com mais de 50 mil habitantes sem hospital", afirma, acusando o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, de "afrontar e humilhar" a população do concelho, ao "escolher" as Caldas da Rainha para fazer o anúncio de que o novo hospital será construído no Bombarral.
Por seu lado, Daniel Querido, que marcou presença na manifestação acompanhado da esposa, Tânia Lourenço, disse esperar que "haja bom senso" e que a decisão seja revista, tendo em conta o parecer apresentado pelos Municípios de Caldas da Rainha e de Óbidos que aponta como localização alternativa um terreno junto à A8, situado entre os dois concelhos. "É uma zona muito central e bem servida em termos de acessibilidades", defende aquele morador.
Ainda é possível reverter a decisão
Segundo Vítor Marques, o terreno em causa tem "cerca de 60 hectares, 25 dos quais do domínio público, e fica junto ao nó da A8, a 600 metros da A15, a 1600 metros do IP6 e próximo da linha férrea". "Seria uma forma de tirar partido do investimento que está finalmente a ser feito na ferrovia", salienta o autarca, frisando que "mais de 75% dos atos hospitalares são marcados, ou seja, não são urgência".
O presidente da câmara acredita que "ainda é possível reverter a decisão" do Governo, que, caso avance, "põe em causa uma região", além de "contrariar" os instrumentos de ordenamento do território. "Tanto o Plano Regional como o Plano Nacional de Ordenamento do Território indicam que um equipamento desta natureza só tem dois locais possíveis nesta região, Caldas da Rainha ou Torres Vedras", sustenta Vítor Marques.