Criado por Manuel António Boaventura, o martelo de fole e apito era para ser só mais um brinquedo da fábrica. Porém, estreou-se na Queima das Fitas e fez sucesso entre os estudantes. No ano seguinte, surgiu no S. João e as marteladas logo conquistaram os foliões.
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Há 43 anos que Helena trabalha na Estrela do Paraíso, por isso já sabe que, quando chega fevereiro, a produção da fábrica de plásticos vira-se quase em exclusivo para os martelos de S. João. E tem mesmo de ser porque até 23 de junho vão ter de sair dali quase 100 mil martelos.
Foi naquela fábrica de Rio Tinto que se criou o martelo de S. João, há já 49 anos. Entre o corte dos cabos e foles que saem das máquinas, o enfiar dos apitos, a colagem das etiquetas e o anexar das peças, a equipa de cinco pessoas faz aquilo sem parar e quase de olhos fechados.
O primeiro emprego
Helena, 54 anos, morava na rua da fábrica e lembra-se de, pequenita, ir lá pedir martelos para a festa. Com 11 anos, foi bater à mesma porta para pedir o primeiro emprego. E ali ficou. Começou a vender martelos na rua e, pouco depois, passou a fazê-los. Hoje, diz que "ainda se sente satisfeita" quando vê, "na rua ou na TV", os martelos que passaram pelas suas mãos a animar a noite de S. João.
Manuel Marinho é neto do criador do martelo e partilha a mesma satisfação. Especialmente quando vê os filhos dizerem com orgulho que foi o bisavô que se lembrou do célebre brinquedo. "Produzir qualquer um pode. Agora, inventar é que é mais difícil". Mais ainda, quando, quase meio século depois, o martelo se mantém praticamente igual ao original. "Já tentámos e não vale a pena inovar. Ele sempre resultou assim e é assim que deve ser feito".