O fecho inesperado da Unidade de Saúde de Moimenta, em Cinfães, deixou a população em choque.
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O fecho inesperado da Unidade de Saúde de Moimenta deixou a população em choque. A decisão, comunicada através de um aviso na porta, está a gerar revolta entre os habitantes da pacata freguesia de Cinfães, que terão de percorrer sete quilómetros por estradas sinuosas até Souselo para terem assistência médica.
A Unidade Local de Saúde (ULS) do Tâmega e Sousa, entidade que gere o serviço de cuidados de saúde primários na região, assegura que “ninguém ficará sem assistência”, mas a comunidade teme pelo futuro do atendimento de proximidade.
Os utentes - muitos são idosos - passam a ser atendidos pelo mesmo médico na Unidade de Saúde de Souselo, a cerca de sete quilómetros de distância por uma estrada sinuosa.
O certo é que a aldeia de Moimenta está na rua em protesto. Os moradores não aceitam a mudança. “Desde pequenito que havia aqui posto médico”, contextualiza Pedro Nunes, de 74 anos. Agora, vai ser obrigado a deslocar-se para Souselo sempre que tiver necessidade de ir ao médico. Indigna-se ao referir-se “aos velhinhos da aldeia”, sem condições físicas para viajar nos transportes públicos. “Estão desamparados. Já que temos que ir para Souselo deviam pagar o transporte”, reclama.
Poucos autocarros
Os transportes públicos são escassos e insuficientes: um único autocarro passa por ali apenas duas vezes por dia em direção a Souselo e outras tantas para o regresso. O ancião teme pelo futuro da aldeia, que já viu a escola fechar as portas. Agora, chegou a vez do antigo posto médico. “A seguir, vai o multibanco”, profetiza.
Ao lado, Maria José, de 83 anos, apoia-se numa pequena vara para caminhar. Indignada, assegura que o encerramento do posto é “um roubo à freguesia. Isto é fazer pouco dos velhos”, diz. O fecho do centro de saúde deixou-a “tão nervosa” que não consegue comer. “Perdi a fome”, conclui.