A nova unidade móvel de consumo vigiado vai começar a funcionar na próxima semana. Numa primeira fase, o veículo estará em Campanhã e no Centro Histórico. Mas a ideia é que possa circular pela cidade do Porto, acompanhando o circuito do consumo de estupefacientes.
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Adquirida e adaptada pela Câmara do Porto, a nova unidade móvel de consumo vigiado foi entregue, esta sexta-feira, ao Instituto dos Comportamentos Aditivos e Dependências (ICAD). Segundo o seu diretor, João Goulão, na próxima semana, será celebrado um protocolo "com a entidade que ganhou o concurso" para a sua operação e dar-se-á início à fase de testes.
"Faltam só afinações de última hora. No decurso da próxima semana, farão ensaios das rotas e locais de paragem", adiantou João Goulão, revelando que o veículo irá concentrar a sua atividade em Campanhã, em particular nos bairros do Cerco e Lagarteiro.
O presidente da Câmara do Porto prevê que a unidade móvel também tenha que ir ao Centro Histórico. "Depois, vai circular pela cidade", referiu, especificando que o veículo apenas permite o consumo vigiado de estupefaciantes por via injetável. "Não dá para material fumante, tem essa limitação, pela segurança de quem lá trabalha", justificou Rui Moreira. Ainda assim, estima-se que venha a servir cerca de 600 pessoas.
"O funcionamento da unidade móvel de consumo vigiado marca o início da segunda fase do Programa de Consumo Vigiado do Município do Porto, tendo a primeira correspondido à abertura, em 2022, da unidade amovível no Bairro da Pasteleira", destaca a Autarquia.
Dois mil consumidores na Pasteleira no primeiro ano
Segundo Rui Moreira, a unidade da Pasteleira "atendeu cerca de dois mil consumidores" no seu primeiro ano de funcionamento, "62%" dos quais residentes em outros concelhos da Área Metropolitana do Porto (AMP). "Esta atração é justificada, claramente, pela ausência de equipamentos semelhantes nos municípios vizinhos", reafirmou o autarca portuense.
"É fundamental que o investimento em salas de consumo vigiado não se restrinja ao concelho do Porto. Caso contrário, as nossas salas vão ficar sobrelotadas. Assim como, não é justo que o Município e os portuenses com os seus impostos financiem salas que, como vemos, não se destinam apenas à população da cidade", sustentou Rui Moreira.
Presente na cerimónia, a secretária de Estado da Saúde, Ana Povo, garantiu que, quando tomou posse, apenas tinha para deliberação o projeto da unidade móvel do Porto. "Temos abertura para outros concelhos que queiram. Não é o Ministério da Saúde e o ICAD, em Lisboa, que sabem onde estão os consumos. Temos abertura para negociar soluções dos problemas que forem identificados", assegurou.