Universitários de Coimbra alertam que metrobus não vai resolver problemas de mobilidade
Os alunos da Universidade de Coimbra estão preocupados com a “exclusão do Pólo I e Pólo II no planeamento do serviço metrobus”, que deverá entrar em vigor no final deste ano.
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É mais um problema a somar às dificuldades de mobilidade já sentidas por quem frequenta o Ensino Superior na cidade e que transparecem no "Estudo da perceção estudantil perante os serviços de mobilidade urbana em Coimbra”, elaborado pelo Pelouro da Política Autárquica da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (AAC) e apresentado publicamente na manhã desta sexta-feira.
Os dados do estudo, que analisou 1041 respostas de estudantes da Universidade de Coimbra (95%) e do Instituto Politécnico de Coimbra (5%), revelam que "a maioria dos participantes (51,5%) “Não” considera que o planeamento do metrobus estará preparado para responder eficazmente às suas necessidades”, uma opinião que “pode derivar do atual planeamento do serviço do metrobus, que não contempla os Pólos I e II da Universidade de Coimbra”. Para os estudantes, “a falta de paragens nestes polos representa uma falha significativa que compromete a eficiência do novo sistema de mobilidade da cidade”. No caso do Pólo II, a “paragem mais próxima da linha do metrobus ficará a mais de um quilómetro”, refere a AAC, sublinhando que o polo é frequentado por 7000 alunos. Os restantes inquiridos acreditam que o serviço poderá resolver alguns desafios da mobilidade (17,1%) ou não têm opinião (31,4%).
Falha de horários e pouca frequência
Neste momento, os alunos (80% dos inquiridos estão deslocados e 86,9% recorrem ao transporte público diariamente ou vários dias por semana), manifestam uma Insatisfação total (42,1% dizem que a rede não cobre positivamente os trajetos de que necessitam) ou parcial (43,1%) para com o transporte público rodoviário disponibilizado pelos Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra.
Atualmente as linhas mais utilizadas são a 29 (liga as zonas da Baixa de Coimbra e da Praça da República ao Polo III e Hospitais da Universidade de Coimbra), seguida da 6 (da zona de Cimo de Fala aos Hospitais da Universidade de Coimbra) e da linha 34 (ligação do Pólo I ao Pólo II da Universidade), o que confirma a importância do transporte entre pólos, sobretudo os mais afastados do centro do cidade, pelo que carecem de “maior planeamento e otimização”.
A principal falha identificada é o “Não cumprimento de horários” assinalada por 85,8% dos participantes do inquérito, seguindo-se a "Pouca frequência dos transportes" (58,2%) e a "Lotação excessiva" (51,5%). Observa-se ainda que 48% dos inquiridos são afetados pelos “Horários desajustados às minhas necessidades” e 35% enfrentam constrangimentos pela "Falta de ligação entre certas zonas da cidade". As “Condições do veículo” representam um problema para 19,2% dos participantes. Para além disso, muitos queixam-se de que a informação disponível é “Insuficiente” (67,4%).
Recomendações para a Câmara
No documento, a AAC confirma que a “dependência do estudante face ao transporte público é uma realidade maioritária” e que a “inadequação das condições por este proporcionada é uma das principais preocupações”. Mas, apesar disso e da dimensão da comunidade estudantil em Coimbra, há uma “falta de valorização dos serviços de mobilidade e transportes urbanos”, lamenta o presidente da AAC, Carlos Magalhães, sublinhando que os problemas de mobilidade causam “constrangimentos a 1 em cada 5 alunos, no que se refere à frequência às aulas" e são necessárias soluções.
O documento, que vai ser entregue à Câmara Municipal - e, eventualmente, considerando a proximidade das eleições autárquicas, também aos candidatos que se apresentarem a sufrágio – apresenta, inclusive, várias recomendações. Para além da melhoria e otimização das rotas mais utilizadas pelos estudantes, descentralização dos serviços de transporte e mais divulgação de horários e informação em tempo real, os estudantes pedem a criação de “um sistema de transbordo entre a paragem da Quinta da Portela (paragem mais próxima prevista no planeamento do metrobus) e o Pólo II”.