Bebem mas não têm noção da quantidade e chegam a pensar que ainda podem beber mais. Esta foi uma conclusão do projecto "Saber Beber", depois de testes de alcoolemia feitos a alguns estudantes universitários.
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"Saber Beber", além do nome do projecto, é também o objectivo que Deolinda Teixeira, Filomena Silva e Graça Ferreira, três enfermeiras do Agrupamento dos Centros de Saúde de Famalicão querem atingir com o desenvolvimento do projecto no âmbito da especialização em Enfermagem Comunitária.
As três fizeram testes de alcoolemia aos caloiros de Famalicão, depois do "rally das tascas", uma popular iniciativa da recepção aos universitários. Fazer o "teste do balão" depois de tal cerimónia pode parecer um contra-senso mas, para as promotoras, foi uma oportunidade para "sensibilizar" os estudantes universitários mais novos a reduzirem o consumo de álcool.
"Eu já tinha criado uma habituação porque comecei a beber muito novo", contava um estudante às enfermeiras que o tentavam chamar à atenção das aptidões que perde com o consumo excessivo de álcool. "Hoje já bebi muito mas ainda posso beber mais", dizia.
Dos 166 testes realizados, 71 alunos tinham quantidades entre os 0,1 e os 0,40 gramas por litro de sangue sendo que em 64 foram detectados valores entre os 0,41 e 1,00 g/l. Apenas uma dezena registou valores acima de 1 sendo que o máximo detectado foi 1,94 mas 21 estudantes não acusaram álcool.
"Acusei 0,25 g/l. Bebi uns shots e cerveja", contou a caloira de Arquitectura Raquel Barreiro. "Bebi aquilo que achei que podia beber até porque eu não costumo beber regularmente", disse.
O colega corrobora e nota que durante o "rali" os "doutores" apelavam para "beber com consciência". "Achei-os muito diligentes", afirmou o caloiro.
Já Ricardo nunca pensou que "uns finos" acusassem 1,2 g/l. A frequentar o segundo ano de engenharia civil foi "desafiado" pelo JN a fazer o teste de alcoolemia. "Não vou conduzir porque aqui a colega não bebe e leva o carro mas para podermos andar a pé o recinto da Recepção ao Caloiro devia ser no centro da cidade", atira.
O "Saber Beber" pretende "reduzir o consumo do álcool". Além dos "testes do balão" as enfermeiras vão realizar acções de educação para a saúde e já distribuíram um questionário para avaliar os hábitos dos alunos. No final do projecto serão realizados os mesmos questionários para avaliar os resultados.
"A maioria não tem noção das quantidades que ingeriu e nunca pensaram que tal poderia dar valores tão altos", atira a enfermeira Deolinda Teixeira.