Urgências do hospital de Viana sem cirurgia de sexta a domingo em outubro
O serviço de cirurgia na Urgência do hospital de Viana do Castelo não estará garantido de sexta-feira (às 8 horas) até domingo, devido à luta dos médicos que recusam exceder as 150 horas de trabalho suplementar. O cenário deverá repetir-se, pelo menos, até fim do mês de outubro.
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O Serviço de Urgência Básico (SUB) do hospital de Ponte de Lima, que pertence à Unidade Local de Saúde (ULS) do Alto Minho, também estará este mês sem especialistas de medicina interna, devido à indisponibilidade dos médicos em realizar mais horas extraordinárias.
Segundo adiantou à TSF, esta manhã, Paulo Passos, dirigente da FNAM e cirurgião no hospital de Viana do Castelo, "100% dos médicos de cirurgia" estão indisponíveis para ultrapassar o número de horas suplementares previsto na lei, encontrando-se na mesma situação de indisponibilidade 80% de médicos de medicina interna.
"A partir desta sexta-feira, durante sexta, sábado e domingo, no mês de outubro, não vai haver urgência externa de cirurgia geral em Viana do Castelo", informou Paulo Passos.
"Não temos urgência de medicina interna em Ponte de Lima. E, aqui em Viana, a equipa está reduzida a três elementos até às 20 horas, quando habitualmente, até às 22 horas, tinha quatro, e a partir das 20 agora tem apenas dois elementos", detalhou, referindo que a situação "não foi inócua", já que, para tal, foi necessária "uma reformulação [de recursos] dentro do quadro legal".
"Foi necessário realocar algum horário de alguns médicos à urgência e como consequência isso teve, por exemplo, o adiamento de algumas consultas de doentes crónicos, que ficarão em maior risco de ter uma agudização da sua doença", explicou o dirigente de cúpula da FNAM, indicando também que, no que toca ao setor de obstetrícia, "para ser possível cumprir todo o plano de urgência, houve necessidade de suspensão de algumas ecografias a grávidas e de adiamento de consultas de rastreio de cancro do colo do útero".
Paulo Passos acrescentou que, dentro deste quadro de luta dos médicos, "está garantida a assistência a doentes internados 24 horas por dia, sete dias por semana". "Teremos uma urgência interna. Estará um cirurgião sempre no hospital para garantir que qualquer intercorrência em doentes internados, será obviamente tratada", disse.
Duas demissões
Na ULS do Alto Minho, duas diretoras, a de clínica e de enfermagem, renunciaram ao cargo desde agosto. Paulo Passos comentou que, pelo menos, um dos casos tem a ver com a contestação em curso. "Naturalmente que a saída da diretora clínica será uma situação ligada a esta luta. A da diretora de enfermagem penso que não, porque isto diz mais respeito aos médicos", declarou, sublinhando que "uma demissão numa altura destas só pode ser ligada a esta questão".
A diretora clínica do hospital de Viana do Castelo terá apresentando renúncia em agosto e deixado funções a 30 de setembro. A diretora de enfermagem renunciou posteriormente, alegadamente por motivos pessoais, e ainda se encontra em exercício.
"A renúncia ao cargo é uma decisão pessoal pelo que só o próprio se deverá manifestar caso entenda. Não cabe ao Conselho de Administração pronunciar-se sobre uma decisão pessoal que em nada está relacionado com o funcionamento do referido CA", declarou ontem o presidente do Conselho de Administração da ULSAM, Franklim Ramos, informando que "a enfermeira diretora ainda está em funções".
O responsável referiu ainda que ambas as diretoras "tiveram um desempenho excelente e uma grande dedicação à causa pública nomeadamente ao Serviço Nacional de Saúde, que deve ser relevado e lembrado".
Com estas saídas, mantêm-se nos cargos apenas o presidente e um vogal do Conselho de Administração da ULS do Alto Minho.