Utentes contestam redução de apoio “extraordinário” à utilização da carreira Viana-Porto
Um grupo de utilizadores regulares da carreira entre Viana do Castelo e o Porto está a contestar a redução, para cerca de metade, do apoio concedido pela Câmara de Viana do Castelo, desde que acabaram os passes sociais naquele percurso.
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Até agora, o utente portador de Cartão de Residente pagava 2 euros pela viagem, que custa em média 6,5 euros, e o município assegurava o restante valor. A partir de 1 de janeiro, a autarquia passou a garantir um desconto de "40%" no custo do bilhete, o que para os passageiros regulares significa passar a pagar 3,9 euros.
Os utentes reclamam que "as deslocações de Viana do Castelo para o Porto em Transporte Público (TP) rodoviário vão ficar por mais de 200 euros mensais".
"De 88 euros mensais (22 dias x 2 viagens x 2 euros) o custo para um utente de Viana do Castelo, passa para 171,60 euros (22 dias x 2 viagens x 3,9 euros) acrescido de 30 ou 40 euros, valor do passe Andante para os trabalhadores, (atualmente a carreira já não tem paragem no centro do Porto) disparando assim para mais de 200 euros mensais", lê-se num comunicado divulgado à imprensa esta sexta-feira, assinado por 18 pessoas.
Os utentes acusam a Câmara de Viana de, "em contraciclo" com o município de Esposende, que deverá manter o mesmo apoio em 2024, estar "a promover a redução do número de passageiros em transporte público, contribuindo para a utilização do automóvel particular, a migração para a área metropolitana do Porto, a suspensão dos estudos e o aumento do desemprego por incapacidade de se poderem deslocar para o local de trabalho".
A vereadora da Mobilidade da autarquia de Viana, Fabíola Oliveira, justifica a redução do "apoio extraordinário" com a necessidade de o equiparar ao que é concedido aos transportes que circulam naquele concelho. E atribui responsabilidades pelo desencadear desta polémica à Área Metropolitana do Porto.
"No fim do ano fizemos um balanço [do apoio] e achamos que não podíamos ter um desconto para o transporte de Viana do Castelo, menor que o transporte das pessoas que vão para o Porto. E então pusemos tudo da mesma forma, baixamos o desconto para 40%", indicou ao JN, continuando: "As pessoas ficam a pagar 3,9 euros e é disso que se estão a queixar, mas têm de pensar que isto não é da nossa responsabilidade. Tem a ver com a Área Metropolitana do Porto, com o IMT (Instituto de Mobilidade e Transportes)".
Fabíola Oliveira defende que esta contestação já se arrasta desde que "no ano passado a Área Metropolitana do Porto extinguiu a carreira normal Viana-Porto, à qual estava inerente um passe e as pessoas que se queriam deslocar para o Porto tiveram que passar a fazê-lo de comboio ou de expresso (autocarro da Rede Expresso), que não tem passes e os passageiros passaram a pagar a totalidade do valor".
Na altura, indica o município de Viana do Castelo, seguiu os passos da autarquia de Esposende que "fez um acordo com o operador [AV Minho] e criou um desconto em que as pessoas pagavam 2 euros e a Câmara o resto".
"O que a Câmara fez foi tentar por boa vontade dar uma ajuda", salienta a vereadora, refutando, mais um vez, responsabilidade sobre a questão. "A Câmara é autoridade de transporte para as carreiras municipais, as carreiras intermunicipais são responsabilidade das Comunidades Intermunicipais (CIM) e, entre distritos, CIMs ou áreas metropolitanas, tem a ver com o IMT", resumiu.
Ao JN indicou que atualmente está atribuído, a "cerca de 300 pessoas", o Cartão de Residente que prevê apoio camarário a passageiros que façam "um número mínimo de 15 idas e voltas ao Porto". E que o mesmo destina-se "aos residentes em Viana do Castelo", trabalhadores e estudantes no Porto, e a quem vai fazer tratamentos ao IPO ou se deslocar por outros motivos de saúde, estes sem limite de viagens".