Utentes do Parque Nacional da Peneda-Gerês vão manifestar-se, no domingo, contra a cobrança de "portagens" no acesso à Mata da Albergaria, uma taxa que classificam de "completamente ineficaz" e "injusta".
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"A taxa tem-se revelado completamente ineficaz, já que o objetivo de limitar o trânsito motorizado não tem sido minimamente alcançado", disse, esta quinta-feira, à Lusa um dos mentores do protesto.
Rui Barbosa sublinhou que a portaria que institui a taxa refere que a verba angariada deve ser aplicada na valorização do espaço, mas garantiu que "isso não está a acontecer, já que o que se vê é uma mata cada vez mais votada ao abandono, cheia de espécies invasoras".
Contactado pela Lusa, o diretor do PNPG, Rogério Rodrigues, contrapôs que ainda este ano a Mata da Albergaria vai ser objeto de uma intervenção de beneficiação, orçada em 70 mil euros, verba "quase exclusivamente" resultante das "portagens" de 2013.
"No ano passado, arrecadámos cerca de 68 mil euros com as taxas e esse dinheiro vai ser investido na mata, de acordo com um projeto já elaborado pelos nossos serviços técnicos", referiu.
Desde 2007 que o PNPG cobra, entre 1 de junho e 30 de setembro de cada ano, uma taxa de 1,5 euros aos veículos motorizados que pretendam entrar naquela mata, para preservar um espaço que está classificado como uma reserva biogenética.
Segundo a portaria que aprova aquela taxa, o objetivo é limitar a circulação de veículos motorizados, que constitui "um dos principais focos de perturbação dos frágeis ecossistemas" daquela mata. "Quem frequenta o Parque sabe que os carros e motorizadas continuam a entrar. Só um ou outro é que acaba por voltar para trás, em forma de protesto. Por isso, a taxa acaba por não conseguir alcançar o objetivo que esteve na base da sua instituição", acrescentou Rui Barbosa.
Classificou a taxa de "injusta", considerando que "não faz sentido cobrar portagem" para entrar num parque natural "que é de todos".
O diretor do PNPG explicou que o objetivo é "de alguma forma contribuir para um menor fluxo motorizado" nas chamadas horas de ponta.
Disse que 2013 já foi reduzido "em algumas horas" o período em que é cobrada a taxa para entrada na Mata da Albergaria, que passou a ser entre as 11 e as 18.30 horas.
"Chegámos à conclusão que esse era o período mais crítico em termos de fluxo motorizado", explicou.
A Mata de Albergaria é um dos mais importantes bosques do PNPG, sendo constituída predominantemente por um carvalhal secular que inclui espécies características da fauna e da flora locais.
Guarda também um troço da Via Romana (Geira), com as ruínas das suas pontes e um significativo conjunto de marcos miliários.