Polo de saúde do concelho de Águeda tem apenas um clínico ao serviço, que não está lá todos os dias.
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Cerca de quatro dezenas de utentes manifestaram-se esta terça-feira em frente às instalações do Centro de Saúde de Mourisca do Vouga, em Águeda, para exigirem mais médicos. Em causa está o facto de, desde há alguns meses, apenas trabalhar ali um clínico, que nem todos os dias está ao serviço.
"As pessoas que não têm médico de família são reencaminhadas para Recardães e para Valongo do Vouga. Mas dizem que chegam a Recardães e as mandam para Valongo, e vice-versa", acusa Milton Matos, do Movimento de Utentes dos Serviços Públicos de Aveiro, responsável pelo protesto.
Segundo o dirigente, a situação agrava-se pelo facto de "as pessoas que têm médico de família terem que esperar quatro ou cinco meses por uma consulta". "Hoje, dizia-me um senhor que tinha que esperar tanto tempo para ir mostrar o resultado de uns exames, que, se o resultado fosse mau, morria até chegar a data da consulta", sublinha. Além disso, os utentes receiam que a unidade venha a encerrar, como já aconteceu com outras no concelho.
Colocação impugnada
Contactado pelo JN, Pedro Almeida, diretor executivo do Agrupamento dos Centros de Saúde do Baixo (ACeS) do Baixo Vouga, garantiu que o fecho da unidade não está previsto. E adiantou que "está para ser colocado um segundo médico em Mourisca [após aposentação do anterior], mas o concurso de mobilidade médica de 2022 foi impugnado". Hoje, saíram novas colocações, que ainda não se sabia se seriam de novo contestadas.
Com menos de três mil utentes, e tendo em conta o rácio de 1600 a 1700 pacientes por médico, à unidade de Mourisca do Vouga deveriam estar alocados, segundo Pedro Almeida, dois médicos. Quanto a regime de não permanência do único clínico disponível, a explicação prende-se com necessidades na unidade-sede, Valongo do Vouga. "Como a sede está aberta das 8 às 20 horas, os três médicos existentes não conseguem assegurar tudo. Por vezes, o de Mourisca tem que ir lá prestar serviço", esclarece o diretor do ACeS, acrescentando que "é difícil arranjar médicos que queiram trabalhar em Mourisca, por ser um sítio muito pequeno".