Na Póvoa de Varzim, já começou a vacinação para pessoas com mais de 80 anos. A lista de "suplentes" já está definida.
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"É uma picadinha. Nada de especial", garante Cândido Carneiro. Aos 85 anos, foi, esta manhã, um dos primeiros a ser vacinado na antiga escola do Cruzeiro, em Aver-o-Mar, na Póvoa de Varzim. Estava feliz. Uma "luzinha ao fundo do túnel", depois de quase um ano de pandemia, que todos querem, agora, ver pelas costas. No Agrupamento de Centros de Saúde Póvoa de Varzim/Vila do Conde há, nesta fase, 13 mil pessoas para vacinar, entre maiores de 80 anos e doentes crónicos. Hoje serão 36. Amanhã mais 150 e há suplentes prontos a avançar.
"Tentamos, numa primeira fase, ver dentro das nossas unidades se seria possível criar um centro de vacinação. Isso não é possível, porque as salas de espera não têm dimensão suficiente e, portanto, esta foi a solução que encontramos", afirmou a diretora do ACES Póvoa/Vila do Conde, Judite Neves, justificando a opção pela escola do Cruzeiro que, numa parceria com a Câmara da Póvoa, é, agora, posto de vacinação dos dois concelhos.
Ali, há seis enfermeiros, um técnico e um médico do ACES e oito profissionais da autarquia no apoio aos utentes. À porta, a Polícia Municipal e a Proteção Civil.
Zulmira Castanheira entrou, foi conduzida a um dos postos. "Bom dia! Tem alergia a alguma coisa D. Zulmira?", pergunta-lhe a enfermeira, sorrindo, num ritual repetido a cada novo paciente. Dois dedos de conversa acalmam os nervos de Zulmira. A mulher, de 82 anos, foi convocada por SMS. A mensagem, explica, chegou ontem. Respondeu logo.
"Ninguém ficará excluído. Os que não tivermos contacto de telemóvel, iremos, depois, fazer as convocatórias por telefone ou por carta", explica Judite Neves.
A diretora diz que, praticamente concluída a vacinação dos lares, no ACES, há, agora, cerca de 13 mil pessoas elegível para esta primeira fase da vacinação "em massa", entre doentes crónicos e pessoas com mais de 80 anos. O presidente da Câmara da Póvoa, Aires Pereira, lembra que o posto tem capacidade para vacinar 400 por dia. Haja vacinas disponíveis. Se tudo correr como o previsto, ficará em funcionamento até ao final do ano. Caso seja necessário, poderá abrir outro, mas em Vila do Conde.
Vila do Conde não se queixa
Zulmira mora na Azurara, em Vila do Conde. Foi a nora quem veio trazê-la. Ainda assim, não se queixa. Quer é que "a "coisa" melhore, e rápido".
Judite Neves diz não ter ainda recebido críticas dos utentes por haver apenas um espaço de vacinação e na Póvoa, deixando muitos vilacondenses e mais de 20 quilómetros.
Explica que as condições de segurança e de administração da vacina "requerem uma logística complicada" e, por isso, foi preciso centralizar o serviço num mesmo espaço. Uma vez que, desde março, a consulta covid-19 ficou em Vila do Conde. Desta vez, a vacinação ficou na vizinha Póvoa.
Além do mais, frisa, a Câmara de Vila do Conde já se disponibilizou para transportar quem não tiver outra forma de chegar a Aver-o-Mar.
Suplentes já pré-definidos
Já pré-definidos estão os "suplentes". Caso algum dos utentes falte, o ACES tem já uma lista de doentes que sabe terem condições de mobilidade para, rapidamente, chegarem a
Aver-o-Mar, a fim de não desperdiçar nenhuma vacina. É que, uma vez aberto o frasco, as seis doses têm que ser administradas em duas horas.
"Eu vinha com medo, mas não doeu nada", diz, no final, Zulmira, sentada, agora, numa cadeira à espera que passem os seus 30 minutos de recobro.
Para Cândido o "repouso" está a terminar. "Estou satisfeito. Está tudo muito bem organizado e já vou embora com a primeira dose", atira. Só tem um reparo a fazer: a mulher, de 85 anos, será vacinada noutro dia e "podia bem ser tudo junto".
A diretora do ACES diz que essa foi já uma das alterações introduzidas no sistema informático, a fim de facilitar a vida às pessoas. Serão ainda agrupadas por freguesias, caso tenham que ser transportadas por câmara ou junta.