Projeto conta com um investimento de 200 milhões de euros e poderão ser construídas até 480 habitações de luxo.
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A antiga Central Termoelétrica do Freixo, na freguesia de Campanhã, vai transformar-se na “nova cidade do Porto”, com apartamentos e moradias de luxo, situadas em frente ao rio Douro. O projeto, que conta com um investimento de cerca de 200 milhões de euros, tem a assinatura do arquiteto Souto Moura e deverá ficar concluído em dez anos. A primeira fase do projeto, que contempla 66 apartamentos, deverá avançar no final deste ano. No total, poderão ser construídas até 480 habitações, sendo que dez serão moradias.
O espaço da antiga Central Termoelétrica do Freixo, que foi desativada no final dos anos 60, está fechado há algumas décadas. A Central do Freixo, construída no início do século XX, foi responsável por abastecer a Região do Porto de energia. Agora, nos mesmos terrenos, vai nascer a “nova cidade do Porto”. O projeto imobiliário, que irá dar uma nova vida à frente oriental da cidade, tem a assinatura do arquiteto Eduardo Souto Moura e é promovido pela Emerge, do grupo Mota-Engil, e conta com o fundo de investimento europeu Gingko Advisor. O investimento é de cerca de 200 milhões de euros.
Em frente ao Douro, o espaço com 56 mil metros quadrados, agora devoluto, será transformado numa “cidade”, toda construída a pensar no rio. Ali, vão nascer apartamentos, moradias, espaços comerciais, escritórios, praças, jardins e alamedas. O projeto divide-se em cinco fases e estima-se que esteja concluído dentro de, aproximadamente, dez anos. “Até ao Freixo não há mais terrenos e depois do Freixo já não é Porto. Acho que isto é um fragmento urbano da nova cidade, mas a nova cidade vai ser muito mais abrangente: vai apanhar as pontes e a nova estação”, afirmou Souto Moura, na apresentação do projeto, que decorreu ontem no Palácio do Freixo.
A primeira fase, que arranca no final do ano, contempla três edifícios com cerca de 14 mil m² de área edificada, que incluem 66 apartamentos e espaços para comércio e serviços, organizados em torno de uma praça pública. Esta fase deverá ficar concluída em dois anos.
Habitação acessível
No total, o empreendimento poderá chegar aos 480 fogos, sendo que destes, dez serão moradias. No entanto, o número de habitações só será definido com o avançar das restantes fases do projeto. Apesar de ainda não serem conhecidos os valores pelos quais serão vendidas as habitações, as casas construídas nesta primeira fase não terá custos acessíveis para a classe média, garantiu Francisco Rocha Antunes. Contudo, o diretor-executivo da +Urbano, afirma que não está fora de questão que, nos edifícios seguintes, haja alguns fogos acessíveis.
Para Souto Moura, é “vital” que haja programas públicos destinados a construir casas para as classes mais baixas e que envolva os arquitetos. “O problema da habitação é não haver casas, portanto, tem que se fazer. Não se vai pedir às forças económicas para fazer casas para a classe média ou desfavorecidos, tem que ser o Estado a avançar, mas pode e deve haver participações privadas”, garantiu Souto Moura.
O arquiteto ressalvou, ainda, que no Porto os processos de licenciamento não são tão morosos como noutras cidades. “O Porto tem o seu tempo, mas com os cuidados que o projeto deve ter, não posso dizer que seja muito lento”, concluiu.