Autarca de Pedrógão Grande diz ter bens para doar e justifica com casos de "pobreza envergonhada".
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A generalidade das vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande, de 17 de junho de 2017, foi compensada pelos prejuízos, através do Estado, garantiu este domingo o presidente da autarquia, Valdemar Alves, durante uma conferência de imprensa.
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"As pessoas que disseram que não receberam nada andam com carros novos e com motas novas", acusou o autarca, em alusão a vítimas dos incêndios que foram ouvidas pela TVI para uma reportagem a denunciar a existência de donativos por distribuir, guardados num armazém e num pavilhão desportivo desativado, propriedade do município.
Após a conferência de imprensa, Valdemar Alves e a vereadora Margarida Guedes, que tem assumido a função de vice-presidente nas ausências constantes do presidente por motivo de baixa médica, deslocaram-se com os jornalistas ao pavilhão desativado, para mostrar os bens armazenados.
O autarca revelou que, no seu interior, estão móveis em segunda mão que foram dados à Câmara de Pedrógão Grande antes dos incêndios, e roupas em mau estado, oferecidas após 17 de junho de 2017, assim como eletrodomésticos doados à Cruz Vermelha Portuguesa e mobiliário entregue à SIC Esperança, que se encontram à guarda do município.
Confrontado pelo JN com o facto de ter bens para doar que ainda não foram distribuídos às famílias afetadas pelos incêndios, Valdemar Alves explicou que há muitas pessoas em situação de "pobreza envergonhada", que podiam recorrer à Loja Social, mas não o fazem, pelo que ainda existe uma grande quantidade de pronto-a-vestir, calçado, acessórios e roupa de cama por distribuir.
A conferência de imprensa foi perturbada pela presença de diversos munícipes apoiantes de Valdemar Alves, que insultaram, por diversas vezes, o jornalista da TVI que assinou a reportagem transmitida na quinta-feira passada. O autarca recusou-se a responder a esta estação de televisão, que viu algumas dúvidas esclarecidas por Margarida Marques.