O Plano de Mobilidade do Vale do Tua voltou, praticamente, à estaca zero. Governo e autarcas procuram novo modelo para o implementar e não há certezas se o empresário Mário Ferreira continuará a fazer parte dele. O comboio turístico Tua Express mantém-se parado há cinco anos, em Mirandela, o mesmo tempo que um barco tipo rabelo leva atracado no cais da Brunheda, em Carrazeda de Ansiães. O povo já perdeu a esperança.
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Ao concurso internacional lançado pela Agência de Desenvolvimento do Vale do Tua só respondeu o empresário Mário Ferreira, dono da turística Douro Azul, apenas uma das empresas do seu grande universo. Com um apoio de 10 milhões de euros pagos pela EDP, o objetivo do empresário era operacionalizar o plano de mobilidade, que é só a principal contrapartida pela construção da barragem de Foz-Tua para os municípios de Alijó, Carrazeda de Ansiães, Vila Flor, Murça e Mirandela.
Entre avanços e recuos foram feitos vários anúncios - alguns com membros do Governo em cerimónias cheias de pompa - e investiram-se mais cinco milhões de euros na melhoria da circulação e das condições de segurança na linha entre Mirandela e Brunheda. Vai-se a ver, não há quaisquer certezas sobre nada.
Processo complexo
Em outubro, o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, afirmou que o Governo está a trabalhar com "muito afinco" para encontrar "uma solução para viabilizar a linha do Tua".
Os autarcas dos cinco concelhos falam a uma só voz através de Pedro Lima, presidente da Câmara de Vila Flor, que lidera, atualmente, a Agência. Sublinha o "empenho do Ministério das Infraestruturas em arranjar uma solução", já que "o caminho seguido até agora tornou-se inviável".
"Vamos voltar à definição do processo desde o início", frisa Pedro Lima. Não explica se Mário Ferreira vai, ou não, manter-se neste "processo complexo". Salienta "os constrangimentos que a exploração de uma linha férrea representa". Por isso, "necessita de ser uma empresa que tenha capacidade e conhecimento para o fazer [como a CP]". O JN contactou Mário Ferreira para saber se ainda está dentro, mas não conseguiu explicações.
O povo encolhe os ombros e faz cara de resignação. A pergunta "ainda acredita que o comboio vai voltar a circular na linha do Tua?" encontra muitos "não". Há sempre um "mas", no entanto, é dito de forma pouco confiante, como se o "não" fosse já assumido como uma certeza definitiva.
Na Ribeirinha, Vila Flor, "a esperança é nenhuma", confessa Adérito Fraga. Alice Tomás, Alzira Batista e Maria da Luz Tomás concordam que "o mais certo é não voltar a haver comboio", não obstante e lá no fundo, ainda sonharem com ele.