Semana começou com GNR à porta e alunos a faltar às aulas por causa de mais um episódio de violência em Valença. Empresa de vigilância contratada pela Câmara começa a trabalhar quinta-feira.
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Dois elementos de uma empresa de segurança privada vão fazer vigilância na EB 2, 3 e Secundária de Valença a partir da próxima quinta-feira. O serviço foi contratado pela Câmara, após uma escaramuça no refeitório ter provocado quatro feridos, na passada sexta-feira, conforme noticiou o JN. O caso gerou uma onda de indignação na comunidade educativa, por se tratar de uma situação recorrente e atribuída "ao mesmo grupo de alunos".
Ontem, o dia começou com patrulhas da GNR à porta e a maioria dos alunos a faltar às aulas, por decisão dos pais, em protesto contra o alegado clima de insegurança que se vive na escola.
Na sexta-feira, dois grupos de alunos envolveram-se em confrontos, cerca das 12.40 horas, na cantina, provocado quatro feridos: dois alunos, de 13 e 16 anos, e duas funcionárias, de 48 e 56, foram parar ao hospital. Segundo fonte da GNR de Viana do Castelo, "as duas funcionárias tentaram intervir e levaram por tabela, sofrendo ferimentos leves, com uma a ser atingida com um murro num sobrolho". Um dos funcionários da escola contou ao JN que o refeitório "parecia um campo de batalha".
maioria faltou
Alguns pais juntaram-se ontem em frente à escola, em sinal de protesto, de forma pacífica. Carlos Amoedo, da Associação de Pais, enalteceu a forma escolhida pelos encarregados de educação para manifestar o seu desagrado.
"A minha primeira reação é de satisfação porque não há nenhuma violência, os pais estão sossegados, preferiram manifestar-se com a ausência dos filhos aqui", declarou, adiantando que "a maioria dos alunos não veio à escola. Penso que estão muito poucos aqui. Ouvi falar em menos de 10%" dos cerca de 800 alunos da EB 2, 3 e Secundária. Uma informação que o JN quis confirmar, mas a diretora da escola, Olinda Sousa, recusou prestar declarações.
Indisciplina e não só
A Câmara, que no sábado anunciou a contratação de segurança privada como primeira medida urgente, após reunião com a Direção e Associação de Pais, confirmou ontem o início de atividade para dia 2. Segundo o autarca de Valença, José Manuel Carpinteira, dois elementos vão assegurar vigilância continua, conforme já foi delineado com a Direção do estabelecimento, "entre a portaria, corredores e espaços de convívio e exteriores, a partir do próximo dia 2".
Outras "medidas concretas", como a eventual "transferência de alunos" que possam estar a provocar instabilidade na escola, poderão ser desenhadas numa reunião do Conselho Municipal de Educação, a convocar para a próxima semana. Para o presidente da Câmara, urge "resolver de uma vez por todas um assunto que já se arrasta há alguns anos".
Para José Manuel Carpinteira, "há problemas sociais, nomeadamente com a comunidade cigana, e depois internamente há indisciplina provavelmente por falta de tomadas de decisão mais fortes". O edil lembra que "há denúncias de atos no passado que não tiveram consequências". Casos, diz, "que foram comunicados ao Ministério Público e cujas conclusões se desconhecem". "Vamos ter de articular tudo isto no Conselho Municipal de Educação, que é um fórum alargado que envolve muitas entidades", concluiu.
Escola
800 alunos
em a EB 2, 3 e Secundária de Valença, que pertence ao agrupamento de escolas Muralhas do Minho, que no total tem 1570 alunos.
Discurso direto
Carlos Amoedo, Presidente da Associação de Pais
"Há um grupo de alunos que tem repetidamente provocado violência dentro da escola, com agressões físicas"
António Vaz, Encarregado de educação
"Sou pai e avô de três alunos. Estou preocupado porque há aqui uma reincidência e a escola está sem controlo"