A "atratividade" de concelhos como a Maia e Valongo e o número de nascimentos registados em cada um desses municípios levam a um aumento no número de pessoas que reside, agora, na Área Metropolitana do Porto (AMP). Em toda a região, Valongo está no topo da lista no que toca ao crescimento populacional, seguindo-se a Maia. S. João da Madeira ocupa o terceiro lugar.
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Já no que toca ao Porto, onde a taxa de nascimentos é negativa (ou seja, o número de mortes é mais elevado), é o movimento da população de outros pontos do país e de outras nacionalidades que, ao instalar-se na cidade, equilibra a perda de população, explica Teresa Sá Marques, diretora do departamento de Geografia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território. A análise da docente é feita com base em dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) no anuário estatístico regional de 2019.
Para os moradores de Valongo, escolher viver naquele concelho é compreensível: a localização é boa e o município está bem servido de transportes e serviços.
Katarina Bodarenko, de 42 anos, e o marido deixaram a Ucrânia e vivem em Valongo há 20 anos. "Houve uma altura em que o meu marido veio trabalhar para aqui numa obra e adorou. Então mudámo-nos para cá", explica, elogiando o ambiente "tranquilo" da cidade.
qualidade de vida
O presidente da Câmara de Valongo, José Manuel Ribeiro, indica um leque variado de fatores que aumentam a "atratividade" do município. Além das duas linhas de comboio, que garantem a ligação rápida até ao Porto, o autarca fala na quantidade de "terrenos disponíveis para construir" e o "aumento da procura por moradias" provocado pela pandemia de covid-19. A isso, acrescenta, "a habitação é mais barata".
Teresa Sá Marques explica exatamente isso: "com a pandemia, se calhar estamos a ter vivências que não tínhamos no passado e vamos fazer opções mais duradouras". Por isso, os concelhos limítrofes das grandes cidades "podem ter algo a dar às pessoas".
"É oferecida uma série de equipamentos que permite uma certa qualidade de vida e ao mesmo tempo há espaço verde que proporciona aquele bem-estar e aquela segurança que, por vezes, algumas populações não sentem nos contextos urbanos porque vivem em apartamentos, por norma mais fechados e de menor dimensão", clarifica a docente.
Na Maia, o cenário é idêntico. Maria Loureiro, de 67 anos, é de Penafiel mas vive no concelho há 40 anos. "Aqui, sorri-se muito", brinca a maiata, aludindo ao slogan do concelho, garantindo não se ter arrependido da mudança, já que vive muito perto do centro da cidade e tem serviços e comércio muito perto.
Conceição Cardoso partilha a opinião da amiga: "Vivia em Pedrouços, numa casa muito pequenina. Agora vivo muito melhor e tenho uma casa maior. A cidade é uma maravilha".
Pormenores
Perda de população - A professora Teresa Sá Marques explica que Portugal está com uma taxa de crescimento natural negativa (mais óbitos do que nascimentos).
Imigração - A investigadora refere que, nos últimos anos, Portugal foi muito atrativo mesmo em termos internacionais. "Vimos a entrada, sobretudo de imigração brasileira, com níveis muito significativo", observa.
Envelhecimento - "O país tem estrutura etária muito envelhecida e a perda demográfica pelos óbitos vai ser muito significativa nos próximos anos", alerta Teresa Sá Marques.