Os últimos dias têm sido um “ver se te avias” nas pastelarias e padarias do concelho de Valpaços, todas sem mãos a medir para terem boas montras de folares na feira dedicada a esta iguaria, entre esta sexta-feira e domingo. É já um setor que rende durante todo o ano, mas muito mais em tempo de Páscoa.
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A organização é do Município de Valpaços e está a contar que sejam comercializadas “quase 50 toneladas de folares”. Como vai ser vendido na feira a 14 euros por quilo, as contas finais dão “700 mil euros” que ficam no concelho. Este valor não inclui todo o restante negócio feito no certame, com outros produtos locais, e fora dele, com a restauração e o alojamento a receberem a maior fatia.
A feira, que vai para a XXV edição, abre esta sexta-feira às 14 horas e a Pastelaria Bela Doce vai estar lá mais uma vez. Mas a venda de folares já vai a todo o vapor, com muitos a serem despachados para longe. Bela e Fernando Borges, o casal que gere o estabelecimento no centro da cidade, madrugam todos os dias para dispensar carinho e atenção ao fabrico do folar certificado com Indicação Geográfica Protegida (IGP).
Amélia Borges, filha do casal, é professora, mas nesta altura está a ajudar os pais. É ela e a irmã mais velha que vão estar no stand na feira, enquanto Bela e Fernando, juntamente com o neto Simão Silva e dois trabalhadores fabricam os folares. Diz que o posto de venda vai ficar “bonito e brilhante, já que é muito importante para chamar pessoas”. Mas também é essencial “o aroma e a beleza do produto, pois os olhos e o nariz também comem”.
Sem folar não é a mesma coisa
Pelas contas de outros anos, Amélia espera vender “600 a 700 folares e mais de mil bolos económicos”. Quando na fábrica não dão vazão, lá enviam uma reclamação a Bela e Fernando para se apressarem.
Bela Teixeira produz folares há 33 anos, desde que abriu a pastelaria. Conta que “na altura era diferente, mas agora é melhor”. Antigamente “só se faziam na altura da Páscoa e, alguns em tachos enormes, chegavam a pesar quatro e cinco quilos”. Agora as pessoas “preferem de 800 gramas ou um quilo”.
E como se come melhor? “Com vinho, café ou chá. Com água é que não aconselho”, frisa Fernando Borges, 50 dos seus 71 anos como pasteleiro. Acrescenta que a atividade “dá muito trabalho, mas compensa”, confiante que a feira vai correr bem, porque “mesa da Páscoa sem folar não é a mesma coisa”.
Do que já não tem tanta certeza é de que o neto queira continuar a atividade. Simão, 15 anos, diz que até gosta dela, mas, por agora, é uma “trabalho na área da mecânica de carros e motas” que lidera as preferências.
Outras feiras na região
Em Trás-os-Montes, os próximos dias serão palco de diferentes feiras, que consagram os sabores da Páscoa. Assim, em Izeda (Bragança), a XXIII Feira do Folar e do Azeite realiza-se nos dias 12 e 13 de abril. Abre às 11 horas de sábado no pavilhão desportivo da escola e encerra domingo às 19. Inclui animação musical, chega de touros uma caminhada.
Já em Carrazeda de Ansiães, de 17 a 19 de abril, vai decorrer, no Centro de Apoio Empresarial, a Feira do Folar e Produtos da Terra. Além dos tradicionais folares e pão, há pastelaria, compotas, enchidos, licores, vinho, azeite, mel e outro produtos agrícolas.
Finalmente, em Miranda do Douro, a Feira da Bola Doce realiza-se, de 17 a 19 de abril, no Jardim dos Frades Trinos. A bola é um doce genuíno mirandês associado à Páscoa, mas já pode ser degustada ao longo de todo o ano. Não vão faltar pão, fumeiro, licores e vinhos.