Começam na quinta-feira os trabalhos de abate de árvores e reparação de passeios na EN206, em frente ao Bairro de Argivai, na Póvoa de Varzim.
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Em pouco mais de um ano, duas pessoas morreram atropeladas naquele troço com cerca de 300 metros. Os moradores protestam há anos. A autarquia juntou-se às críticas. Agora, chegam as obras. Vão demorar pouco mais de duas semanas.
“Vão ser realizados trabalhos de poda e de abate de árvores e reparação de passeios na EN206, no troço entre os quilómetros 0,900 e 1,190, na Póvoa de Varzim”, informa, em comunicado, a Infraestruturas de Portugal (IP). Por causa dos trabalhos, acrescenta, entre os dias 22 de maio e 6 de junho, estará cortada a faixa sul (sentido Vila do Conde-Póvoa de Varzim) e haverá circulação alternada com recurso a semáforos.
A 11 de fevereiro, recorde-se, Armando Silva morreu atropelado na passadeira, na EN206, em frente ao Bairro de Argivai e à fábrica da Sumol. No mesmo local, a 10 de outubro de 2023, perdeu ali a vida Dulvany Teixeira.
Os moradores protestaram bem alto. Dizem que, ali, há acidentes todas as semanas. O JN deu voz às críticas: apontam o dedo à falta de iluminação, às enormes árvores que, muito perto da estrada, tiram a visibilidade aos condutores e à falta de controlo de velocidade. Naquele pequeno troço, há três bairros onde vivem mais de 600 famílias – Argivai, Sopete e Incons -, três hipermercados, uma fábrica e vários armazéns. Para muitos, aquele é percurso rumo às compras, ao trabalho, à estação de metro de Portas Fronhas e à EB 2,3 Cego do Maio.
As queixas vêm de longe. Em 2017, a Junta de Argivai chegou mesmo a encabeçar o abaixo-assinado, enviado à IP a exigir passeios. A obra chegou em 2020, mas só nos 300 metros entre a rotunda com a Via B e os bairro de Argivai e da Sopete e apenas do lado sul. A norte, há apenas uma berma muito estreita.
Há três meses, depois da morte de Armando, a Câmara da Póvoa reforçou “de imediato” a iluminação, prometeu cortar as árvores e pediu à IP “medidas de abrandamento de tráfego”. O Bloco de Esquerda questionou o Ministério das Infraestruturas. Miguel Pinto Luz prometia para 8 de abril uma reunião entre a IP e a Câmara, para programar uma intervenção, destinada a “melhorar as condições de segurança” naquele troço.
Agora, chega o corte de árvores e a reparação dos passeios, rebentados pelas raízes, mas, por enquanto, não está prevista a colocação de semáforos ou lombas, que ajudem a evitar os excessos de velocidade que a enorme reta propicia.
Pormenores
Idoso atropelado à noite
A 11 de fevereiro, Armando Pereira da Silva, de 88 anos, foi atropelado na passadeira em frente à fábrica da Sumol às 21 horas. O idoso “voou” mais de 3 metros e morreu ainda no local. O condutor do carro tinha 26 anos.
Jovem abalroado na berma numa zona sem passeios
A 10 de outubro de 2023, Dulvany Afonso Teixeira, de 21 anos, morreu naquele mesmo local. Seguia na berma (numa zona onde não há passeios), às 20 horas, com a bicicleta pela mão, quando foi abalroado por um carro. Esteve uma semana em coma e acabou por morrer. O condutor, de 20 anos, nem sequer parou. Entregou-se mais tarde, na esquadra da PSP.
Obras também em Famalicão
A EN206 tem 128 quilómetros e liga Vila do Conde a Vila Pouca de Aguiar. Em fevereiro, conforme o JN noticiou, começaram obras também em Famalicão, entre a rotunda de acesso à variante nascente e a ligação à EN310, no concelho de Guimarães. Vão custar nove milhões de euros e só ficam prontas em maio de 2026.