Moradores que vivem junto dos troços problemáticos da circular interna são os que mais estão expostos ao barulho. Mapa do Ruído foi apresentado pela autarquia.
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A Via de Cintura Interna (VCI) continua a ser a estrada que maior impacto causa na cidade do Porto e nos seus moradores em termos de ruído noturno. As zonas mais problemáticas, onde a sobre-exposição ao ruído ultrapassa os 20 decibéis, são as ligações desta via com a EN14, com a A3 e a A43. Esta é a principal preocupação do Mapa Estratégico do Ruído ontem apresentado pela autarquia portuense.
Esta situação não é nova e já há vários anos que o anel rodoviário interno da cidade é uma preocupação para a Câmara do Porto pelo volume de tráfego, sobretudo pesado, que atravessa diariamente a cidade, ao ponto de Rui Moreira já se ter reunido com o Governo com vista à retirada de portagens na A41, no sentido de desviar para ela parte dos veículos que circulam na VCI. Aos vereadores, o autarca afirmou que continua a aguardar pela decisão governamental de colocar fim às portagens naquela circular externa.
Estudos consideram que a percentagem de população sobre-exposta até mais cinco decibéis não implica medidas urgentes. Contudo, em certos troços da VCI esses valores são muito superiores, com percentagens de sobre-exposição elevadas durante o período noturno. A apresentação do Mapa Estratégico do ruído foi feita na reunião do executivo por Rui Calejo Rodrigues, professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e administrador da Sopsec - Sociedade de Prestação de Serviços de Engenharia Civil que anunciou que, em comparação com mapas anteriores, este mostra "uma redução do número de pessoas sobre-expostas ao ruído", sendo que, no centro da cidade, os documentos reportam "situações novas e pontuais", relacionadas com a movida e o barulho gerado pelos estabelecimentos de diversão noturna.
Nos mapas apresentados por Rui Calejo Rodrigues, é evidente o ruído gerado pelo tráfego rodoviário em toda a VCI, mas com uma sobreposição ao ruído mais evidente nos troços nos troços com a A20 (de ligação com às autoestradas a sul do Porto), com a A43 (ligação a Gondomar), EN14 (Porto-Braga) e na interceção com a Avenida AEP (nó de Francos).
Questionado pela vereação, nomeadamente pela eleita do Bloco de Esquerda, o responsável afirmou que a percentagem da população do Porto afetada pelo ruído não chega a 1%.
Via com 390 mil veículos/dia
Todos os dias, cerca de 390 mil veículos utilizam a VCI, sendo os movimentos maiores durante o período diurno. Para a mitigação do ruído em toda a cidade, a autarquia espera, no próximo ano, apresentar medidas concretas. De acordo com o vice-presidente e vereador do Ambiente, o "problema" do barulho do tráfego rodoviário relaciona-se com as vias da responsabilidade da Infraestruturas de Portugal (IP) e Filipe Araújo critica "o défice de barreiras acústicas".
Os transportes (rodoviário, ferroviário e aéreo) são a principal fonte de ruído nas cidades, o que já foi reconhecido como um problema significativo de saúde pública pela Organização Mundial de Saúde. Filipe Araújo considera que "a IP tem de começar a olhar para este território como algo que atravessa uma cidade e não uma autoestrada", considerando que "mais uma vez a VCI é o grande cancro na cidade do Porto".
Fernando Gomes
Na reunião de ontem do executivo, a Câmara do Porto aprovou por maioria uma voto de pesar pela morte do futebolista Fernando Gomes, respeitando também um minuto de silêncio.
Teatro amador
A proposta de recomendação da CDU para que haja um maior apoio ao teatro amador (dando o exemplo da situação vivida pela companhia Seiva Trupe, que ficou fora do concurso da Direção-Geral das Artes que atribui verbas para os próximos quatro anos) foi recusada, com os votos contra da maioria e do PSD e com a abstenção do PS.
Museu da Imprensa
O chefe do Gabinete de Comunicação da autarquia, Vasco Ribeiro, foi nomeado presidente do Museu Nacional da Imprensa.