São-joaninas de Braga começam hoje marcadas pela reabilitação da Avenida da Liberdade, epicentro da festa. Apesar do impacto, organização acredita numa edição "memorável".
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Livres das máscaras e das restrições da pandemia, os vendedores que por esta altura assentam arraiais nas festas de S. João de Braga deparam-se com uma nova condicionante: as obras na Avenida da Liberdade, iniciadas há cerca de um mês, que decorrem na zona que acolhe as várias barraquinhas de farturas, bifanas ou pão com chouriço. Muitos deles já ali se encontram há semanas, o que os deixa com uma perspetiva pessimista para a edição deste ano das são-joaninas de Braga, que começam oficialmente hoje e se estendem até 25 de junho.
Durante um "tempo morto", Carlos Monteiro abeira-se da rede que delimita a zona de obras para acompanhar os trabalhos que estão a mudar a cara de uma das principais artérias da cidade. "Vim no dia 25 de maio, um mês antes do S. João. Até agora tenho sentido uma quebra de receitas muito grande, de mais de 50%, em relação aos anos anteriores", diz ao JN o empresário, que desde 1989 marca presença nas são-joaninas de Braga.
Além da "falta de estacionamento", aponta a "confusão no trânsito" e o "barulho" como justificações. "Eu talvez seja o maior prejudicado, porque as obras são mesmo em frente ao meu espaço e obrigaram-me a reduzir a esplanada", refere. Carlos Monteiro tem esperança nos próximos dias, mas contida. "Acredito que as coisas vão melhorar com o aproximar do Dia de S. João, mas não me parece que seja um bom ano", aponta o dono do Pavilhão Poveiro.
Críticas ao timing
Os argumentos são quase decalcados por Maria do Carmo, da churraria Paulo Manuel, outra presença assídua nas festas. "Todos nós sentimos os impactos das obras, porque as pessoas não têm onde parar os carros e não se querem meter em confusões", afirma. Tal como Carlos Monteiro, também a vendedora de farturas da Vila de Prado, em Vila Verde, assegura que está a "trabalhar a 50%" em relação ao que era habitual.
Uns metros ao lado, Cristina Campelo montou a banca de venda de manjericos no início desta semana. Garante que ainda não consegue fazer uma análise comparativa, mas nota "menos gente" na rua. "Ao final da tarde as coisas melhoram, mas não se veem as romarias que antes era habitual ao longo da avenida", aponta a vendedora, que critica o "timing" para o início das obras. "Porque não começaram a fazer isto depois do S. João?", questiona.
Perda de um milhão de euros
A essa pergunta, o presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, tem respondido que as obras "tinham mesmo de avançar" nesta fase - sob pena de a autarquia perder "um milhão de euros" de financiamento - e que "haveria sempre impactos no S. João", fosse neste ou no próximo.
Cidade sem parar
Embora reconheça a existência de constrangimentos, o presidente da Associação de Festas de São João de Braga, Firmino Marques, acredita que a edição de 2023 será "igualmente memorável" e permitirá atrair cerca de meio milhão de pessoas.
"A cidade não pode parar e nós sabíamos que era necessário compatibilizar o S. João com as obras. Continuará a ser possível descer toda a avenida até São João da Ponte", explica o responsável.
Firmino Marques sublinha que as são-joaninas ganharam uma "nova centralidade" com o uso de espaços como a Praça Municipal, que acolhe a partir de hoje uma feira de artesanato, com a presença de 20 artesãos.