A "Portos de Galicia", entidade pública com competência nos 122 portos dependentes da Junta da Galiza, garantiu, esta sexta-feira, que o cais galego do ferry-boat entre Caminha e A Guarda deverá estar operacional em julho.
Corpo do artigo
Aquela entidade adiantou que a infraestrutura portuária de A Pasaxe, em A Guarda, apresentava "corrosão extrema" e está, neste momento, em reparação, numa intervenção no valor de 580 mil euros. "Estimamos que possa estar ao serviço ao longo do mês de julho", informou.
O ferryboat Santa Rita de Cássia continua inoperacional, dois anos depois da paragem forçada por causa da deterioração do cais do lado galego. A estrutura deixou de oferecer condições de segurança para o embarque e desembarque de veículos.
Atualmente, algumas embarcações particulares portuguesas e uma da Junta da Galiza (Xacobeo Transfer), mas que funciona apenas por reserva na Internet, asseguram a travessia aos peregrinos de Santiago, que continuamente afluem aos cais das duas margens do rio Minho.
O alcaide de A Guarda, António Lomba, que já em 2020 pressionava, juntamente com o seu homólogo da Câmara de Caminha, a entidade competente para solucionar o problema, lamenta que a ligação fluvial se encontre votada "ao abandono".
Peregrinos a crescer
"É uma irresponsabilidade por parte da Junta da Galiza. O ferry esteve parado em dois anos Jacobeu: 2021 e 2022. E este ano o caminho português está no auge. Tem aumentado o número de peregrinos, cerca 136%, e falta-nos o meio de transporte mais importante que é o ferryboat", afirma António Lomba, que hoje deixa o cargo de autarca de A Guarda, após perder as eleições municipais em Espanha no final de maio.
"A partir do meu segundo mandato, em 2020, começamos a ficar realmente preocupados porque havia falta de manutenção do cais e a Portos de Galicia não respondia aos nossos requerimentos. Além de levantar problemas, não apresentava soluções", recorda, referindo que, em 2021, foi tomada a decisão, pelo então autarca de Caminha, Miguel Alves, de suspender a ligação fluvial porque "o pantalan (estrutura portuária para acostagem de embarcações) não oferecia segurança para os veículos".
Marco Valadares, operador de um dos táxi-mar que agora garantem a travessia, lamenta as condições de atracagem de embarcações do lado galego. "Não podemos atracar em lado nenhum e temos de deixar os peregrinos em más condições. O cais não tem condições, principalmente os que levam bicicletas", queixa-se.
Contactados o atual autarca de Caminha, Rui Lages, e também a Portos de Galicia, não foi possível, até à hora de fecho desta edição, obter declarações sobre a situação do ferryboat.
"Obra de emergência"
Segundo informação divulgada no site oficial da Portos de Galicia, a estrutura portuária de A Passaxe, onde atracava o ferryboat, está a ser alvo de uma "obra de emergência", que representa um investimento de 580 mil euros. A reparação em curso desde o primeiro trimestre de 2023, tem um prazo de execução de três meses.
Operacional após obra
A conselheira do Mar da Junta da Galiza, Rosa Quintana, garantiu que "o prazo de execução [dos trabalhos] previsto é de três meses, após os quais a instalação ficará totalmente operacional para a prestação do serviço de transporte de passageiros entre os dois lados do rio". O Santa Rita de Cássia opera no Minho desde 1995.