PSD, CDU e Movimento Somos Coimbra denunciam que a renúncia de Jorge Alves (PS) ao cargo de vereador e a saída do Conselho de Administração dos Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos é "resultado de uma gestão muito incompetente". Segundo o município de Coimbra, Jorge Alves apresentou o pedido de renúncia ao mandato, na passada sexta-feira, "o qual, atentos os deveres consignados no Estatuto dos Eleitos Locais, foi imediatamente aceite pelo presidente da Câmara Municipal".
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De acordo com o PSD, "segundo relatos da imprensa, Jorge Alves terá alegadamente beneficiado uma empresa detida pelo seu próprio filho e por um sobrinho na adjudicação de serviços informáticos pelos SMTUC [Serviços Municipalizados dos Transportes Urbanos de Coimbra], àquela".
"A confirmar-se, o caso configurará uma dupla ilegalidade (por violação do Regime Jurídico de Incompatibilidades e Impedimentos dos Titulares de Cargos Políticos e Altos Cargos Públicos) na gestão dos Serviços Municipalizados dos Transportes Urbanos de Coimbra, e que envolve diretamente o vereador Jorge Alves, agora demissionário (demitido?)", lê-se num comunicado do partido, que "exige explicações imediatas e cabais" ao presidente da Câmara Municipal de Coimbra sobre o assunto que considera "demasiadamente grave, para que o Dr. Manuel Machado se esconda atrás de um comunicado que apenas diz aos conimbricenses que os pelouros do vereador irão ser avocados pelo senhor presidente".
O Movimento Somos Coimbra (SC) refere que a saída de Jorge Alves é "uma consequência inevitável da trajetória de decomposição em que se encontram os serviços em resultado de uma gestão muito incompetente, que apenas é menos visível porque a pandemia baixou muito o uso e a frequência das linhas" dos Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC).
Contactado pela Lusa, o presidente Manuel Machado, adiantou que a decisão do vereador se deve a "razões do foro pessoal do próprio" e escusou-se a adiantar pormenores. Jorge Alves ainda não se pronunciou sobre as acusações de que é alvo.
O SC relembra que "por simples consulta a http://www.base.gov.pt/, conclui-se que os SMTUC fizeram aquisições à STRA S.A.", alegadamente administrada por um filho de Jorge Alves, num valor global de mais de 200 mil euros, "sempre por ajuste direto", afirma o SC.
"Ora, todas estas aquisições decorreram com Jorge Manuel Maranhas Alves como membro do Conselho de Administração dos SMTUC, a que preside desde o final de 2017, mas que integra como vogal já desde 2013, o que é, no nosso entendimento, uma clara violação da lei, que esperamos que o Ministério Público investigue em profundidade", lê-se.
O movimento também entende que o Ministério Público "deverá investigar as circunstâncias que levaram a que quase todas [as] aquisições de autocarros dos SMTUC dos últimos anos tenham sido feitas à mesma empresa, a CarBus" e "o estado de conservação em que vários dos autocarros comprados a esta empresa chegaram aos SMTUC".
Já a CDU "exige que se apurem todos os factos, através de rigoroso inquérito aos atos do ex-vereador, apurando todos os eventuais ilícitos, com participação às autoridades judiciais". "Tais atos de favorecimento de familiar agora conhecidos, para além de configurarem um grosseiro atropelo ao regime de incompatibilidades e impedimentos, assumem ainda uma gravidade acrescida pela ocultação aos SMTUC, ao seu Conselho de Administração e à Câmara Municipal, de relacionamento familiar de um ou mais sócios de uma empresa fornecedora de equipamentos com o ex-presidente do Conselho de Administração", acrescenta.
A CDU considera que "a ligação de uma empresa a familiares seus, obviamente, teria de ser do conhecimento do ex-vereador que contudo o encobriu, demonstrando falta de lealdade e probidade, causando deste modo, ainda, danos à própria imagem do serviço público".