São sinais do velhinho castro de S. João, um povoado fortificado da Idade do Ferro, provavelmente a primeira Vila do Conde. Os vestígios arqueológicos foram encontrados junto ao Mosteiro de Santa Clara.
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As obras de reconversão do imóvel num hotel de cinco estrelas não deverão, no entanto, ser afetadas pelo achado. São 10 milhões de euros de investimento num hotel com 89 quartos, spa, piscina exterior e uma adega. Abrirá portas em junho de 2021.
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A Slicedays, que em novembro de 2018, venceu o concurso de concessão do Mosteiro, explicou ao JN que quer avançar com a obra já em janeiro. A empresa do grupo Arliz, detentora de três hotéis nos Açores e na Madeira, investirá em Vila do Conde 10 milhões de euros.
O Mosteiro, que, em 2018, completou 700 anos, será convertido num hotel de cinco estrelas. O projeto, da autoria do arquiteto Carvalho Araújo, explica a empresa, está "praticamente concluído".
Terá 89 quartos, cinco dos quais suites, restaurante, bar, biblioteca e livraria, piscina exterior, ginásio e spa. As áreas sociais e o centro interpretativo, que contará a história do Mosteiro e ficará a cargo da Câmara, ficarão no piso 0, com acesso pelo Largo D. Afonso Sanches. Nos pisos superiores ficarão os quartos, quase todos com vista para o rio. Na cave do Mosteiro ficará a zona de eventos, adega e prova de vinhos.
A piscina exterior ficará no -2, na lateral do Mosteiro e, no -3, também na lateral (nos antigos campos de futebol), ficará um edifício de apoio, a construir de raiz, com o spa, a piscina interior, bar e esplanada. No -4 desse novo bloco, que obrigará a rebaixar o terreno à cota da rua da escola Meia Laranja, haverá áreas técnicas e de serviços e, no -5, o parque de estacionamento.
Castro de S. João à vista
Os vestígios arqueológicos agora encontrados não surpreenderam a equipa técnica, que tinha já previstas as prospeções antes do arranque das obras. Há muito que está documentada a existência de um povoado primitivo no monte do Mosteiro. Os achados vieram comprová-lo. O Gabinete de Arqueologia da Câmara de Vila do Conde está a acompanhar as escavações, a cargo de uma empresa especializada.
"Alguns desses vestígios são, inclusivamente, anteriores à ocupação do monte de S. João pelas freiras de Santa Clara, fazendo parte de um antigo povoado fortificado da Idade do Ferro, provavelmente romanizado", afirma a autarquia, explicando que, por outras palavras, "serão vestígios de uma aldeia, semelhante à cividade de Bagunte", ocupada entre IV aC e IV dC.
Retirado o entulho, resultante das obras no Mosteiro nos anos 30, as escavações estão, agora, a ser feitas à mão e não têm prazo para conclusão, mas não impedem o arranque das obras no interior do edifício, pelo que não se esperam atrasos no planeamento efetuado.