
António Orlando/JN
"Acabou o transbordo em Caíde", a afirmação em jeito de anúncio foi feita, esta manhã em Lousada, pelo Ministro das Infraestruturas e da Habitação, na cerimónia de inauguração da eletrificação da linha do Douro entre Caíde e Marco de Canaveses.
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O investimento global que ascendeu aos 17,5 milhões de euros abrangeu não só a eletrificação, mas outras melhorias na infraestrutura ferroviária e estações, incluindo em três túneis centenários que viram a segurança reforçada.
Este investimento terá continuidade nos próximos anos, segundo promessa do Governo: ainda este ano deverá ser lançado o concurso da eletrificação da linha entre o Marco de Canaveses e a Régua para possibilitar o regresso do comboio Intercidades ao coração do Douro Vinhateiro; para mais tarde ficará a beneficiação da linha até ao Pocinho, respeitando-se - "o irritante" - , assim considerada por António Costa, a burocracia dos Concursos Públicos e do visto do Tribunal de Contas às obras.
Carlos Fernandes, vice-presidente das Infraestruturas de Portugal, revelou, também, que ainda este ano serão lançados os concursos para a supressão das últimas (três) passagens de nível entre Caide e Marco de Canaveses.
A cerimónia protocolar desta manhã foi presidida pelo Primeiro-ministro, António Costa, que na companhia de Pedro Nuno Santos e da autarca Cristina Vieira, foi de comboio do Marco de Canaveses até Caíde.
Antes de embarcar no comboio, Pedro Nuno Santos esteve à conversa com o porta-voz da Comissão de Utentes para lhe explicar porque é que a cerimónia protocolar iria ser realizada em Lousada e não no Marco de Canaveses como seria expectável: "Não estou zangado consigo, só lhe queria dizer que há menos de seis meses estivemos aqui, no Marco, a lançar um concurso para aquisição de material circulante", disse Pedro Nuno Santos a José Pereira.
"Estamos muito gratos ao Governo por esta obra, mas não faz sentido que a inauguração seja em Lousada", reafirmou o responsável da Comissão de Utentes ao ministro aquilo que já havia dito ao JN. Em Lousada, o protocolo terá sido revisto abrindo-se espaço para o discurso da autarca do Marco. Na ocasião, Cristina Vieira, depois de sublinhar o "impacto positivo que a eletrificação aliada à introdução dos passes sociais representa" para o concelho, chamou atenção do ministro Pedro Nuno Santos para que concretize a outra grande obra na região que tem sido adiada: o IC35.
António Costa fechou a cerimónia em Caíde ao destacar o investimento na ferrovia que o país está a fazer, considerando-o "o maior no último século" e que no seu entender, vai ajudar Portugal a alcançar a neutralidade carbónica em 2050.
"Para atingir a meta da neutralidade carbónica em 2050, temos que mudar o nosso paradigma energético, cada vez mais assente em renováveis e menos em combustíveis fósseis, e temos de mudar o nosso paradigma de mobilidade nas cidades e não só", afirmou o chefe do Governo, sinalizando a importância do transporte ferroviário.
O primeiro-ministro recordou que a nova infraestrutura ferroviária vai permitir diminuir as emissões poluentes para a atmosfera provocadas pelas composições a diesel, o que também acontecerá, frisou, com a ligação entre Nine e Viana do Castelo, na Linha do Minho, esta tarde inaugurada.
O chefe do Governo insistiu que o investimento em curso diminuirá a dependência externa do país em matéria energética, para além de melhorar a qualidade de vida das populações e a competitividade das empresas portuguesas.
"Esta não é uma obra isolada. É uma das peças importantes do grande programa Ferrovia 2020, que é o maior programa ferroviário, seguramente das últimas décadas e do último século, com dois mil milhões de euros de investimento". A melhoria das ligações ferroviárias internacionais, segundo Costa, é uma das prioridades, designadamente no corredor Sul, ligando o Porto de Sines a Espanha, no corredor Norte, ligando Aveiro a Vilar Formoso, e no corredor da Linha do Minho, ligando o Porto à Galiza.
