A menos de 60 minutos ... tudo! O título da brochura bilingue de apresentação do Alto Minho é como o algodão. Não engana. Outra coisa não seria de esperar de uma publicação da responsabilidade da Comunidade Intermunicipal (CIM) que agrupa os dez municípios do distrito.
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Os 98,5% de taxa de execução das verbas do programa territorial de desenvolvimento - taxa recorde nacional, que lhe mereceu a atribuição de uma bolsa suplementar de mérito de 30 milhões de euros - são a prova da competência da CIM do Alto Minho.
Se colocarmos a ponta com agulha do compasso no centro do Alto Minho e desenharmos uma circunferência, vemos que à distância de uma hora vivem e trabalham três milhões de pessoas.
Com a Área Metropolitana do Porto 40 minutos a sul, a Área Metropolitana de Vigo 60 minutos a norte, e o eixo urbano Braga--Guimarães a 50 minutos a leste, Viana faz bem em chamar a atenção para a sua situação geográfica privilegiada.
A menos de uma hora estão os aeroportos Sá Carneiro e de Vigo, os portos de Leixões e de Vigo, bem como três universidades (Porto, Minho e Vigo) da lista de 400 melhores do Mundo elaborada pelo "Times".
O Parque Nacional da Peneda- -Gerês, zonas de paisagem protegida e uma rede de pequenas cidades com centros históricos bonitos e bem preservados são trunfos que fazem do Alto Minho um belo destino para viver, investir e investir, mas......
Apesar de estar a 60 minutos de tudo e de ocupar um honroso 3.0º lugar no índice de desenvolvimento regional, o Alto Minho é um dos distritos mais pobres do país, com um PIB per capita de 68,5% da média nacional, bastante inferior ao do conjunto da região Norte (79,9%).
Apesar da inegável qualidade de vida que oferece a habitantes, residentes e investidores, o Alto Minho sofre com intensidade ampliada dos males nacionais.
Desemprego e desertificação são as chagas que os dez presidentes de Câmara do distrito fariam desaparecer se tivessem uma varinha mágica, de acordo com o inquérito levado a cabo pelo JN, que lhes perguntou o que fariam se pudessem concretizar três desejos - um para a região e dois para o seu concelho.
Não basta ter um invejável cluster de energias renováveis, se ele sofre com os ziguezagues das políticas do Governo de Lisboa e não se expande, criando emprego que trave a sangria de gentes. O Alto Minho é habitado por 245 mil pessoas (menos que a população residente em Gaia!), que se espalham por um território de 2219 km2, bem mais extenso que os 2089 km2 da Área Metropolitana do Porto, onde moram 2,3 milhões de pessoas.
Não basta ter seis milhões de m2 de solos industriais e ter duplicado o volume de exportações nos oito primeiros anos deste século se esse bom desempenho não cria o emprego e a riqueza correspondentes porque no seu essencial não incorpora valor e tecnologia locais e é feito à custa de matéria prima importada.
De pouco serve ter uma posição geográfica privilegiada para atrair o investimento estrangeiro quando passa pela cabeça do Governo de Lisboa fechar a ligação de ferroviária do Porto a Vigo, em vez de modernizar uma linha que demora entre hora e meia a duas horas a vencer uma distância de 120 km.
De pouco serve ter fábricas onde são produzidas a espingarda Winchester ou as malas Louis Vuitton quando o Governo de Lisboa demonstra uma tal inaptidão em resolver o problema dos Estaleiros Navais de Viana que até parece que quer matá-los por asfixia.
De pouco serve ser um destino turístico muito sexy, quando o Governo quer introduzir em auto-estradas que era suposto serem scut um sistema de portagens desastrado, com valores exorbitantes e um sistema de pagamento complicadíssimo que afugenta os turistas.
Vamos ajudar a vender lenços
No âmbito da decisão de comemorar o 125.0º aniversário com as nossas gentes, o "Jornal de Notícias" reforça em março a sua presença habitual no Alto Minho, assegurada pelos dois jornalistas - Luís Henrique Oliveira e Ana Peixoto Fernandes - com uma equipa vinda da Redação do Porto, constituída por Ana Carla Rosário, Ivete Carneiro, Almiro Ferreira e Jorge Fiel.
Rui Teixeira, presidente do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, costuma dizer que numa situação de crise como a que atravessamos, há duas atitudes possíveis: chorar ou vender lenços - e ele prefere a segunda.
Neste mês de março que nos traz a primavera, o JN vai cumprir a missão de ser a pronúncia do Norte dando mais voz e visibilidade às gentes do Alto Minho, aos seus justos anseios, legítimas preocupações e às coisas que fazem bem.
É o nosso contributo para os ajudar a vender lenços.