Viana do Castelo: Eleições mais disputadas de sempre ditam sucessão de José Maria Costa

Os socialistas lideram aquele município há 28 anos e Luís Nobre, arquiteto, atual Vereador com pelouros como Planeamento e Gestão Urbanística, apresenta-se como putativo sucessor do socialista "legitimado" por uma maioria absoluta. "Acreditamos no que fizemos, no que estamos a propor e desta forma confiamos que os vianenses nos compensem com a sua decisão de uma forma massiva, para que nos possam dar energia e legitimidade democrática", afirma o candidato do PS, indicando a maioria absoluta como "resultado mínimo". "A maioria tem de ser sempre garantida", diz.

Um dos seus principais opositores é Eduardo Teixeira, antigo vereador em Viana do Castelo e hoje deputado na Assembleia da República. Cabeça de lista pelo PSD, em coligação com o CDS-PP, concorre pela segunda vez à Câmara, nestas eleições com o lema "É agora Viana". "Nestas eleições ganharão os vianenses porque terão um novo presidente de Câmara. Estou disponível para ser o rosto da mudança que os vianenses anseiam", afirma o social-democrata Eduardo Teixeira, sem fazer prognósticos quanto a resultados no domingo. "As eleições ganham-se por um voto e eu estou a lutar para o bem dos vianenses e de todas as pessoas que pedem a minha envolvência num momento em que Viana do Castelo está na cauda do desenvolvimento em tudo", disse.

Também a apostar numa reviravolta, aproveitando o momento de transição proporcionado pela saída de José Maria Costa, está o candidato independente, apoiado pelo Aliança, Rui Martins, que há 28 anos integrou a equipa independente, liderada por Defensor Moura e apoiada pelo PS, que determinou uma mudança de ciclo em Viana do Castelo. E colocou um ponto final em cerca de duas décadas anteriores de governação PSD, no último mandato liderada por Branco de Morais.

Após eleição em 1993, Defensor Moura manteve-se na Câmara até 2009, altura em que foi sucedido por um dos seus delfins, José Maria Costa. A continuidade socialista, nas mãos de Luís Nobre, será agora ditada pelas eleições de domingo. E Rui Martins propõe-se quebrá-la. Inundou há dias, de forma massiva e nunca vista, a principal avenida da cidade (dos Combatente da Grande Guerra) com cartazes. "Esta candidatura surge após reflexão conjunta de um grupo de cidadãos com várias origens, percursos e gerações unidos na consciência da atual situação do concelho e no reconhecimento da necessidade de se criar a alternância do poder municipal", afirma.

Também no combate ao domínio socialista, estão mais dois repetentes em eleições autárquicas em Viana: Pela CDU, a atual vereadora Cláudia Marinho e pelo Bloco de Esquerda (BE) Jorge Teixeira, que atualmente ocupa o lugar de deputado do partido na Assembleia Municipal de Viana do Castelo.

Ambas as candidaturas concorrem por um lugar no executivo e no caso da CDU por um eventual reforço, capitalizando eventuais votos relacionados com a luta pela reversão ao modelo de gestão municipal, da empresa Águas do Alto Minho (AdAM), criada em janeiro de 2020 e envolta em polémica desde o início do processo. A gestão da água pública, assim como a habitação, o emprego e o desenvolvimento económico, têm sido temas dominantes na campanha, que envolve candidaturas do Iniciativa Liberal, com Maurício Antunes da Silva como cabeça de lista e do Nós Cidadãos, encabeçada por Paula Veiga, atual vereadora, eleita pelo PSD, mas que recentemente se desvinculou do partido, mantendo-se no cargo como independente. E ainda do Chega, que candidata à Câmara a líder distrital daquele partido, Cristina Miranda.

A quantidade inédita de candidaturas na corrida à Câmara é visível na cidade com a inundação de cartazes. E este ano surgiu também "uma candidatura" com humor e crítica social e política à mistura, proposta por um comediante a animar a campanha. A cadela Bulldog Francês de nome Jéssica, com um ano de idade e surda, foi apresentada por Hugo Soares nas redes sociais e em cartazes espalhados na rua, como candidata. "Vota Jéssica" é o lema.