Cerca de 50 pessoas participaram, este sábado, em Viana do Castelo, numa ação da Jornada Nacional de Defesa e Reforço do Serviço Nacional da Saúde (SNS), da CGTP-IN.
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Em foco estiveram algumas questões locais e as lutas do setor da saúde, nomeadamente o decreto-lei, aprovado quinta-feira em Conselho de Ministros, que estabelece o regime jurídico de dedicação plena no SNS e o regime de organização e funcionamento das unidades de saúde familiar (USF), e que prevê atualizações das tabelas remuneratórias dos médicos e médicos internos.
Tiago Batista, médico de família da Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM), que presta serviço na Unidade de Saúde Familiar (USF) Tiago de Almeida, em Viana do Castelo, marcou presença e teceu duras críticas à tutela no discurso.
"Este Governo tem sido catastrófico na destruição do Serviço Nacional de Saúde, seja pela municipalização, seja pela criação indiscriminada de ULS, sem qualquer tipo de validade de modelo organizativo. E também face à incapacidade mentirosa de um Ministro, que diz que quer negociar, mas que chega ao fim e governa por decreto, como se viu esta semana", afirmou o médico, considerando que o decreto-lei aprovado há dois dias "é totalmente destruidor". "Vai levar, forçosamente, se assim continuar - temos sérias dúvidas sobre a sua legitimidade -, à saída de centenas, para não dizer milhares, de colegas meus do SNS", acrescentou.
O médico, que é dirigente sindical do Sindicato dos Médicos do Norte (SMN) e da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), considerou que o SNS "está claramente a ser cerceado e destruído", o que se reflete nos serviços de saúde do Alto Minho.
"Eu, como médico de família aqui numa unidade próxima, tenho assistido cada vez mais a uma saída em catadupa dos meus colegas profissionais no hospital e isso leva a que haja atrasos nas referenciações para a especialidade, atrasos no diagnóstico e na terapêutica de uma série de doentes", disse.
Com bandeiras vermelhas e cartazes com o lema "Defender e Reforçar o Serviço Nacional de Saúde Público, Gratuito e Universal", os manifestantes ouviram também o coordenador da União de Sindicatos de Viana do Castelo, Augusto Silva, chamar a atenção para a defesa da "internalização da Radiologia", que, apesar de estar no hospital público de Viana, "está entregue a privados". Alertou ainda para a reivindicação de um serviço de Radioterapia para a ULSAM, de forma a evitar que os doentes tenham de se deslocar a Braga ou ao Porto.
"Estamos a tentar mobilizar a população para que esteja sensível e que estejam com estas lutas, percebendo que só manifestando-se é que se pode conseguir alguma coisa", declarou.