Marcílio entrou este sábado no clube dos centenários. O ex-polícia festejou ao lado da mulher de sempre, que conheceu num bailarico, da família e dos amigos
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Marcílio Sanches, antigo agente da da PSP, natural de S. Pedro da Torre Valença, celebrou este sábado 100 anos, ao lado da mulher Maria Bacelo, de 95, com quem está casado há 75. O casal reside há seis anos no Lar de S. Tiago, pertencente à Santa Casa da Misericórdia de Viana do Castelo, e foi lá que hoje viveu um momento simbólico que assinalou o aniversário, rodeado da família mais próxima e de amigos.
David Sanches, único filho vivo de Marcílio e Maria (em 1999 perderam a filha Susana quando esta tinha pouco mais de 40 anos), tem tanta idade quanto a do casamento dos pais. Aos 75 anos, não cabe em si de orgulho por os ter vivos e ainda mais com um casamento tão longevo. "Hoje em dia é muito difícil. Alguns casamentos duram 75 dias", brinca. Mais a sério, conta que o casal "teve muitos altos e baixos, e muitas dificuldades financeiras no início". "O meu pai foi sempre um homem de regras, muito poupado e muito exigente com os filhos. Criou-nos com as palavras sim e não. E sempre nos ensinou que quanto se tem 100 só se gasta 90 e é preciso criar um mealheiro para as dificuldades", recorda, lembrando que "em casa, podia não haver muitas calças e muitos sapatos, mas a mesa era sagrada e não faltava nada".
Quanto ao facto do pai atingir um século de existência, David comenta que "é coisa da família". "Vários familiares do lado dele morreram com 90 e 100 anos".
Primeiro não lhe achou graça
Quando o casal celebrou 70 anos de união, em 2017, o JN falou com os dois. Na altura, ainda tinham autonomia. A pandemia e o avançar da idade acabaram por os fragilizar.
Maria já não fala e Marcílio, pouco, embora mostre lucidez, mas perdeu a mobilidade. Há cinco anos contaram sorridentes a história que os uniu. Conheceram-se num bailarico e ela não lhe achou muita graça, porque gostava de "gozar" e o rapaz era "muito apagado". Contudo, o agente da PSP, reformado há mais de 40 anos e que chegou a exercer a função de sinaleiro, apesar de sempre ter sido homem de poucas palavras, lá acabou por conquistar a mulher da sua vida.
Casaram, tiveram filhos e atravessaram décadas marcadas por momentos bons e maus, como a perda da filha. Têm três netos e outros tantos bisnetos. Celebraram 75 anos de casamento já no Lar de S. Tiago, em abril deste ano. Este sábado Marcílio quase não falou, mas à despedida fez questão de dizer "obrigada" ao JN.