Linhas vermelhas com sinais de bicicletas passam até em pavimentos esburacados.
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O Município de Braga está a implementar um modelo de vias partilhadas entre veículos automóveis e bicicletas (ciclovias "pop-up") nas principais ruas e avenidas da cidade, mas a medida já está a gerar confusão entre a população.
Há críticas sobre a pintura de linhas vermelhas contínuas, com sinais de bicicleta e de velocidade máxima de 30 quilómetros por hora, que passam em cima de pavimentos esburacados. A Associação Braga Ciclável, na voz do presidente Mário Meireles, fala de "uma invenção sem regulamentação nacional".
"Faixas de ciclistas no meio da rua? Não entendo", atira Jorge Faria, à porta de um café na Rua D. Pedro V, onde as linhas vermelhas dos ciclistas esbarram com buracos que não foram tapados antes da intervenção. "Está um perigo. Segurança era não termos uma rua esburacada", acrescenta António Monteiro, comerciante que antevê "um inferno no trânsito", assim que as aulas começarem. "Ninguém vai respeitar os 30 quilómetros por hora", considera o bracarense, sublinhando que os lojistas "deveriam ter sido ouvidos".
Também Mário Meireles lamenta a falta de diálogo da Autarquia. O dirigente da Braga Ciclável diz que as linhas vermelhas que marcam as vias "pop-up" "não são regulamentadas e confundem ainda mais as pessoas". A isto, soma falhas nas medidas para reduzir o excesso de velocidade nos locais onde automóveis e ciclistas terão de partilhar espaço. "Não é apenas com um sinal de trânsito e uma marca no chão que se reduz efetivamente a velocidade. Faltam medidas de acalmia do tráfego, como passadeiras sobrelevadas, gincanas, vias mais estreitas", exemplifica Mário Meireles.
Os novos circuitos cicláveis podem ser encontrados nas ruas próximas da Universidade do Minho e das escolas básicas e secundárias do centro da cidade. Há, também, vias "pop-up" na Avenida 31 de Janeiro e na Avenida da Liberdade, para ligar os modos suaves a equipamentos como o Altice Forum Braga.
Segundo o presidente da Câmara, Ricardo Rio, as intervenções "não têm um caráter definitivo e são experimentais, mas visam estimular a cultura de interação entre diferentes formas de mobilidade". O objetivo, diz o autarca, "é que os cidadãos que queiram andar de bicicleta se sintam mais seguros" e, no caso de grande adesão, a solução pode tornar-se "permanente" em certas artérias. "Se passar a definitiva, haverá intervenções complementares, como a manutenção dos pisos", garante.
O dirigente da Braga Ciclável não está convencido com o sucesso da iniciativa. "Se é um teste, vai falhar. Não é com umas pinturas que se vai resolver o problema da insegurança", conclui Mário Meireles.