Santo Tirso tem equipas de voluntários a olhar pelos quase sete mil hectares de zona verde do concelho. Até Outubro, 415 inscritos dividir-se-ão por turnos.<br />
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Ana diz que “é uma forma de fazer uma coisa diferente e útil” durante as férias de Verão. E o facto é que a originalidade e o préstimo apontados pela voluntária rendem à Autarquia de Santo Tirso um extra de 40 olhos postos nos quase sete mil hectares de floresta espraiados pelo concelho.
No cimo de Monte Córdova, onde os carros não chegam e o orvalho da madrugada ainda encharca os pés, um grupo vigia “praticamente todo o vale do Leça e a zona de Além-Rio”, aponta Célia Fonte, do Gabinete Técnico Florestal da Câmara, numa manhã em que o nevoeiro resolveu esfumar a paisagem.
Ali, só o cinzento granítico do castro do monte Padrão destoa. De resto, tudo em volta é verde, reproduzido até ao infinito em copas de árvores. E monte e mais monte. Os olhos de Ana João, a quem pouco falta para soprar as 17 velas, multiplicam-se por cinco – um grupo de amigas, todas estudantes na área de Ciências e a caminho do 12º ano.
Com idades entre os 16 e os 25 anos e binóculos em punho, elas e outros 15 jovens formam a rede secundária de vigilância do município.
Ajudam na detecção de incêndios florestais, tornando possível, através de alertas imediatos, uma primeira intervenção mais rápida na luta contra as chamas. “Estando a fazer o primeiro combate, só podemos contar com eles, porque não há mais ninguém a vigiar”, observa Célia Fonte.
Ao programa Ocupação Jovem, este ano exclusivamente dedicado à vigilância florestal, com o projecto “Vigiar para preservar”, responderam 415. Todos com a certeza de que participarão na actividade até Outubro, já que cada um cumpre um turno, durante uma semana, num dos quatro postos de vigia Santo Tirso.
Um único episódio perturbara a calma daquela semana de duro estio, com os termómetros da cidade a marcarem 37 graus: “Só detectamos um incêndio e, daqui, não tínhamos muita visibilidade. Apenas vimos o fumo”, conta Ana. Não houve o que pensar: outras equipas de vigilância foram avisadas de imediato.
Andreia Rego, 21 anos e estatuto de monitora no grupo, desconfia: “Está a ser uma época muito calma. É estranho, porque, a partir de Junho e Julho, costuma haver muitos incêndios…”.
A experiência de bombeira nos Voluntários de Santo Tirso diz-lhe, pois, que os fogos acabarão por despontar em Agosto. Ana duvida. “Com tanta gente a vigiar esta zona, acho que não é possível haver incêndios em grande escala”, calcula.
Célia Fonte, da Autarquia, acredita que “a mensagem está a passar”. O exemplo vem pronto do “senhor Andrade”: “Agora, quando são queimadas, basta aparecer e as pessoas apagam logo”, testemunha o elemento de uma das equipas de Defesa da Floresta contra Incêndios (DFCI) da Câmara, a postos para uma primeira intervenção.