A ex-presidente da Câmara de Vila do Conde, Elisa Ferraz, quer a demissão de Vítor Costa. A líder do movimento independente NAU garante que a auditoria às contas da autarquia de 2018 a 2021 só veio comprovar que “não há buraco nenhum de 13 milhões de euros”, “muito pelo contrário há um excelente estado financeiro”.
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Assim, depois de dois anos a “mentir”, a “perseguir”, a “difamar” e a “denegrir o executivo anterior sem explicação”, o atual presidente de Câmara, diz, só se pode demitir.
“Isto já nem é um buraco, é uma cratera, de acordo com a difamação que vem atrás. É bem patente que não há buraco nenhum. Efetivamente, o município de Vila do Conde sempre se manteve acima da média nacional, quer a nível da execução da receita, quer a nível da execução da despesa, quer no investimento, quer a nível de não ter nunca recorrido a qualquer financiamento exterior. O relatório é muito claro e o próprio presidente assume que, afinal, não havia nada de ilegal”, afirmou, ontem, Elisa Ferraz, no final da reunião do executivo municipal.
A ex-presidente diz que a sobreorçamentação de que se fala mais não é do que obras previstas que não chegaram a ser realizadas. “Há dinheiro que não entrou, mas também não foi gasto, porque a obra não se fez”, frisa.
Pedro Gomes, na altura vice-presidente da Câmara, dá um exemplo: a ponte pedonal sobre o rio Ave. “Estavam orçamentados 2,5 milhões de euros para executar a obra. Não executamos a ponte. Não fazendo a despesa, naturalmente que não se faz a receita”, explica.
“Desafiamos o sr. presidente para que nos mostrasse no relatório onde constam as palavras buraco, truque, habilidade, porque não consta e, portanto, é mentira que o relatório da auditoria venha confirmar que há um buraco nas contas”, frisou ainda o agora vereador da oposição.
“Há uma série de mentiras que são ditas! Isto é de mais e, por conseguinte, nós achamos que uma pessoa que mente assim, não merece dirigir os destinos de Vila do Conde”, remata Elisa Ferraz, lembrando que, há dois anos, quando Vítor Costa anunciou o “buraco”, foi a honra de todo um executivo que ficou em causa. Ainda assim, a NAU não vai levar o assunto à justiça.
“Além de me terem chamado sacana na reunião de Câmara, acho que ainda enlouqueceram mais. Não faz sentido nenhum”, afirmou Vítor Costa, referindo-se à sua demissão.
O presidente da Câmara insiste nas “habilidades orçamentais” para ter “fundos positivos quando não havia receitas reais”: “Como o algodão, creio que o relatório não engana. Há, de facto, um buraco orçamental superior a 12 milhões de euros. Se não fosse isso, diz o relatório, em 2021, dos 12 meses do ano, em 10 haveria fundos negativos”.
Mas, para que não restem dúvidas da transparência e do rigor, explica Vítor Costa, o relatório da auditoria vai ser enviado à Inspeção-Geral de Finanças e ao Ministério Público. O edil admite ainda, sem se querer alongar no assunto, que, esta semana, houve diligências policiais na Câmara, mas garante que “não visavam o atual mandato”.