Com a ponte romana mais cheia de público este ano, touro de 500 quilos deu muita luta aos que o enfrentaram.
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A vila de Ponte de Lima cumpriu, ao final da tarde de ontem, mais uma edição da tradicional Vaca das Cordas, que teve todos os ingredientes para ser considerada “uma grande festa”.
Segundo Aníbal Varela, rosto da tradição organizada pela Associação Defensores da Tradicional Vaca das Cordas Ponte de Lima, o touro de 550 quilos, escolhido para cumprir a corrida “esteve à altura”, demonstrou força e marrou em alguns durante o percurso pelas ruas e areal da localidade, ao longo de cerca de uma hora e meia. E, este ano, a multidão foi ainda mais que o costume.
“A arquibancada da Vaca das Cordas – a ponte romana – esteve repleta. Costuma estar meia ponte, três quartos, mas desta vez esteve mesmo cheia de uma ponta à outra. Nunca a vi assim”, comentou o responsável.
O mesmo contou que nesta edição sentiu “mais adrenalina”, devido à morte de um tio. Em “sua homenagem” arriscou atrás do touro, e acabou por ser “arrastado no chão” pelo animal.
“Fiquei todo sujo, com as calças todas rotas, e tenho umas escoriações nos braços. O touro este ano tinha muita força. Até eu andei de peão, mas estou bem. Não podia estar melhor. Estou muito contente, porque a festa foi mesmo à grande”, disse ao JN, já depois do animal recolher, cerca das 21 horas. Nesta edição, devido ao calor, foi largado [guiado por cordas], cerca de uma hora e meia mais tarde que o habitual, já perto das 19.30 horas.
“Engolir o sapo”
“O touro era bom e prestou-se para fazermos a festa. Aguentou-se até ao fim, fez o percurso todo e acabou em beleza. Não houve crise de maior. Houve apenas pequenos percalços. Aleijou algumas pessoas. Alguns tiveram de ser assistidos pelo INEM, mas isso faz parte”, comentou, acrescentando: “Quem tanto critica a Vaca das Cordas tem de engolir o sapo, porque Ponte de Lima não podia ter mais gente do que a que tem. As ruas da vila estão sobrelotadas e está tudo em festa e bem-disposto. Cheia de jovens”.
Aníbal Varela, de 63 anos, organiza a festa há 42, e em criança já acompanhava o avô Alcino Dantas, que foi responsável pelo reavivar da tradição. Esta quarta-feira emocionou-se. “Isto é a Vaca das Cordas!”, destacou.
A festa popular, que atrai jovens e menos jovens de todo o país e também da vizinha Espanha, continuou depois pela noite dentro nos bares do centro histórico, com música e animação.
Esta é uma tradição secular associada às celebrações religiosas do Corpo de Deus [encontra a sua primeira referência no Livro de Vereações do Arquivo Municipal de Ponte de Lima, no século XVII].